Donald Trump completou 78 anos na passada sexta-feira, um marco que só veio relembrar aos eleitores que os dois candidatos dos principais partidos na corrida à presidência dos Estados Unidos este ano são os mais velhos de sempre a concorrer ao cargo.
A idade tem estado, aliás, no centro da disputa entre o republicano Trump e o seu rival democrata, o presidente Joe Biden, um tema que tem recebido, em alguns situações, mais atenção do que questões políticas na preparação para as eleições de 5 de Novembro.
As sondagens mostram que os norte-americanos estão preocupados com a idade avançada de Biden, que tem 81 anos. Mas, aos 78, Trump é apenas três anos e meio mais novo e também seria a pessoa mais velha a tomar posse se regressasse à Casa Branca.
A equipa de Biden tem tentado injectar um pouco de humor nas intervenções do Presidente norte-americano, que aproveitou o aniversário de Trump para lhe deixar felicitações q.b. sarcásticas. “Feliz 78º aniversário, Donald. De um velho para outro, a idade é só um número”, escreveu na passada sexta-feira numa publicação no X (o antigo Twitter).
A frase é acompanhada por um vídeo em que se elogiam, sarcasticamente, “78 dos históricos… feitos de Trump”, como reverter a decisão que estabeleceu o direito ao aborto nos EUA e “atribuir isenções de impostos às grandes farmacêuticas”.
“Feliz aniversário, Donald. É um bandido, um fracasso, uma fraude e uma ameaça à nossa democracia, economia, direitos e futuro”, disse o porta-voz da campanha de Biden, James Singer, num comunicado emitido na mesma altura do vídeo. “Em nome da América, o nosso presente antecipado para o seu 79º aniversário: garantir que nunca mais seja Presidente.”
Como escreve o The Guardian, levar a questão da idade para o “ringue” da campanha é uma estratégia que traz riscos para ambos os candidatos. Para os democratas, a vontade de aceitar esta questão e de lhe dar destaque marca uma mudança de direcção.
Durante meses, a equipa de Biden tentou minimizar as questões sobre a sua acuidade mental de Biden. Mas depois de vários vídeos, ao longo da última semana e meia, que colocaram em dúvida o estado de saúde do Presidente durante as suas visitas à Europa, onde esteve nas comemorações do desembarque na Normandia e na cimeira do G7 – com a primeira-dama, Jill Biden, e a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, a resgatarem um chefe de Estado aparentemente distraído em duas ocasiões distintas – a questão da idade está novamente a “borbulhar à superfície”.
Durante a campanha, Trump ainda não levantou explicitamente a questão da idade de Biden, mas procurou capitalizar cada erro verbal do seu oponente, bem como o seu andar lento, para considerá-lo inadequado para um segundo mandato.
“Não se trata de idade, trata-se de competência mental”, disse a porta-voz da campanha de Trump, Karoline Leavitt, argumentando que os eleitores podem observar o contraste entre Biden e Trump, candidato que descreveu como “afiado como um prego e com resistência de elite”.
Biden respondeu a perguntas sobre a sua idade e pediu aos eleitores que se concentrassem no que alcançou enquanto esteve no cargo como prova da sua acuidade e força. O Presidente dos EUA descreveu Trump como uma ameaça à democracia após os seus esforços para anular as eleições de 2020 e criticou os seus discursos por vezes incoerentes, bem como o uso de uma retórica inflamada contra os imigrantes.
Num evento da campanha no estado do Wisconsin, organizado por apoiantes mais velhos de Biden e da sua vice-presidente, Kamala Harris, a primeira-dama apresentou o argumento de que a idade do seu marido é uma vantagem. “Esta eleição certamente não é uma questão de idade”, disse Jill Biden. “Joe e o outro sujeito têm essencialmente a mesma idade. Não nos deixemos enganar, Joe é um dos presidentes mais eficazes das nossas vidas, não apesar da sua idade, mas por causa dela.”