Num mundo de rápidas transformações socioeconómicas, a desigualdade e a exclusão são uma preocupação.
O Estado tem criado respostas, como tarifas sociais para os públicos mais vulneráveis, um aumento das comparticipações, soluções para mitigar o impacto de migrações inesperadas que colocam pessoas em situação de sem abrigo. Mas ainda há muito a fazer na promoção da cidadania, na equidade no acesso aos recursos e serviços e na justiça social.
A cooperação entre o Estado e a Cruz Vermelha Portuguesa (CVP) é, pois, crucial para garantir a eficácia da ajuda, conciliando e potenciando os recursos, reforçando e promovendo a dignidade e a autonomia das pessoas.
Esta parceria deve ser fortalecida em contínuo, nomeadamente em áreas como a saúde mental, a pobreza energética e o envelhecimento da população. É imperativo que o Governo intensifique as suas intervenções, propondo novas soluções e ampliando recursos para os desafios emergentes.
Partilho o exemplo destas três áreas, em que o papel de entidades, como a CVP, é insubstituível no complemento das políticas estatais.
A CVP tem registado um aumento nas solicitações de apoio. Na área social, em 2023, os pedidos cresceram 73%, muitos resultando em apoio económico para bens essenciais (renda, água, luz e gás).
Verificámos, ainda, um aumento de 49% de apoio psicológico. A colaboração com a Ordem dos Psicólogos e a implementação de outros projetos evidenciam uma resposta sistémica e promotora da Saúde Mental, que é um Direito Humano Universal.
Os idosos são um dos principais focos da CVP, sobretudo aqueles que estão socialmente isolados, com dificuldade de acesso à saúde. Agimos para prevenir, mitigar e responder às suas vulnerabilidades. Defendemos políticas públicas que promovem a sua inclusão, o envelhecimento ativo, o acesso a serviços adequados e a promoção da solidariedade intergeracional.
As preocupações com a pobreza energética levaram-nos a desenvolver projetos de apoio às famílias, a melhorar a eficiência das suas casas e a trabalhar com as autoridades locais e empresas para garantir subsídios ou descontos para grupos vulneráveis.
Insisto: é crucial que o Governo intensifique as suas ações, prevenindo ao invés de esgotar recursos na contínua reação. Esta colaboração deve ser fortalecida com uma rede de proximidade, potenciando os mecanismos de proteção social, mais abrangentes e capazes de responder às necessidades de todos.