A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) advertiu este domingo que os ataques associados à guerra civil sudanesa que atingem hospitais em El Fasher põem em perigo o único que funciona na capital do estado de Darfur do Norte.
Devido aos bombardeamentos de centros de saúde que estão a ocorrer no conflito civil, o hospital saudita da cidade foi atingido por duas vezes desde o início dos combates.
Por outro lado, trata-se da oitava unidade hospitalar a ser atingida nas últimas seis semanas do conflito, afirmaram os MSF em comunicado.
El Fasher é o último reduto das tropas do Exército sudanês em Darfur, no oeste do Sudão.
Há duas semanas, o hospital do Sul, também em El Fasher, foi encerrado depois de ter sido atacado pela quinta vez e, antes disso, o hospital pediátrico local foi igualmente encerrado na sequência da troca de ofensivas entre as Forças de Apoio Rápido e as Forças Armadas Sudanesas.
“Em El Fasher, estamos a assistir a um ciclo de ofensivas e contraofensivas em que os hospitais não são poupados e as partes em guerra estão a falhar na sua responsabilidade de proteger os civis”, disse o gestor de emergências dos MSF, Michel-Olivier Lacharité.
Atualmente, o hospital saudita – anteriormente uma maternidade – tornou-se o “único centro de saúde da cidade com capacidade cirúrgica para tratar os feridos”, mas a sua continuidade “está em perigo”, alertou Lacharité no comunicado.
A organização afirmou que, dez dias depois de a ONU ter apelado ao fim dos combates em El Fasher, os ataques aos hospitais continuam e a “ajuda externa” não consegue chegar devido à “brutalidade” da violência armada.
Os MSF afirmam não saber se os hospitais estão a ser “deliberadamente visados”, mas, em resultado da violência do conflito aberto, muitos civis estão encurralados e têm de “proteger as suas vidas e receber tratamento”.
Os dados dos MSF indicam que os combates dos últimos seis meses causaram mais de 260 mortos e 1630 feridos só em El Fasher.