Um Festim com ordem para dançar, dançar, dançar!
O encontro com o Suba Trio formado pelo pianista cubano Omar Sosa, o mestre senegalês da kora Seckou Keita e o percussionista afro-venezuelano Gustavo Ovalles marca a abertura do Festim – Festival Intermunicipal de Músicas do Mundo.
Com o cartaz espraiado por salas e praças de quatro municípios do distrito de Aveiro, cortesia da organizadora d’Orfeu, esta 15.ª edição dá ainda a escutar a “mistura explosiva de folk búlgaro e ritmos dos Balcãs” de Ivo Papasov & His Wedding Band, a voz do Haiti trazida pelo rapper e activista Robints “Vox Sambou” Paulo e o caldeirão de Gente preparado pela cabo-verdiana Nancy Vieira e temperado com mornas, samba, fado, funaná, jazz e pop.
Notas cheias, das partes ao todo
Salas esgotadas, temas orelhudos que andam na boca de miúdos e graúdos, aplausos da crítica e um talento desmedido e calibrado com honesta espontaneidade. A equação serve bem a Miguel Araújo e também se aplica à medida d’Os Quatro e Meia.
Com universos musicais cheios de pontos de intersecção, estes dois fenómenos da música nacional contemporânea juntam os créditos em palco, num espectáculo inédito que promete não menos do que “uma energia única e contagiante”.
As Cambotas Que a Vida Dá
Cara do programa de televisão A Culpa é do Cabral, que senta à mesma mesa as notas quotidianas de humoristas de diferentes regiões do Brasil, e voz da banda rock Pedra Letícia, que no currículo traz créditos de ter, por exemplo, feito parte do Programa do Porchat da TV Record entre 2016 e 2018, Fabiano Cambota (n.1977, Goiânia) tem na irreverência e no humor a sua matéria-prima.
É nestas linhas que se apresenta em solo nacional, numa digressão que passa por sete cidades portuguesas para mostrar as Cambotas Que a Vida Dá. Em modo contador de histórias stand-up, promete desfiar episódios cómicos da vida real e vestir o fato de Sex Sénior do Brasil para dar dicas de como encantar velhinhas, expôr as manias da família e relatar “um encontro inusitado com um grande nome da MPB”.
Confissões de uma Late Boomer
É seguro dizer que o prémio de Melhor Revelação no Festival Fringe de Edimburgo de 2008 levou a inglesa Sarah Millican a bom porto. Contas feitas, trouxe-lhe um lugar ao sol no mundo da comédia, várias nomeações para os British Comedy Awards e a distinção como Queen of Comedy em 2011, entre outras estatuetas da especialidade.
Divorciou-se, lançou DVDs, participa em programas de rádio e de televisão, escreve livros e até tem um podcast, Standard Issue. Mas é na sua esfera privada e na forma como se transformou entre o antes e o depois que agora se dá a conhecer, nesta que é a sua terceira digressão europeia e a estreia em Portugal.
Para rir dela e com ela, traz na bagagem Late Boomer, o novo espectáculo, onde conta como passou de uma miúda tímida que “não fazia mal a uma mosca”, com “poucos amigos e [que] não precisou de soutien até ter 16 anos” para uma mulher que “fala que se farta”, com número de amigos e tamanho de peito elevados ao nível de “impressionante”.
Em escala de SIPO maior
Quando se fala da fusão de uma forte vertente pedagógica com uma excepcional qualidade de convidados no que ao piano diz respeito, o nome SIPO vem à cabeça como o evento mais importante do género em Portugal. A tradição volta a cumprir-se: entre masterclasses e concertos, a Semana Internacional de Piano de Óbidos recheia a 29.ª edição com os talentos de Artur Pizarro, Manuela Gouveia, Paulo Pacheco, Nuno Inácio, Andrea Bonatta, Josep Colom e Boris Berman.
Notas de destaque ainda para o concerto inaugural do Festival Internacional de Piano do Oeste, que decorre paralelamente, protagonizado pela Orquestra Gulbenkian e pelo pianista Jorge Luís Prats, para os recitais do chinês Ke Wang e do norte-americano Anthony Ratinov e para o espectáculo de encerramento que, pela primeira vez, põe a dança nas pautas, juntando o piano de Josep Colom à coreografia de Sylvain Guillot e Lucía Colom. Uma palestra e uma exposição de pintura completam o cartaz.