O rei vai nu
Os últimos resultados das eleições europeias em França são a sequência lógica das últimas presidenciais de 2022. Já nessa altura a “radiografia” à situação política em França fora feita na primeira volta, quando 45% dos franceses votaram em Mélenchon e Le Pen contra 27,9% em Macron.
O que tornou a situação mais grave ou representativa é que na faixa etária até aos 35 anos Macron tinha ficado em terceiro lugar. Tudo isto prova que este modelo de globalização (a qual alguns ainda teimam chamar “globalização feliz”) está a trazer um crescendo de insatisfação. Os resultados saltam à vista com a revolta maciça dos agricultores; continua desindustrialização e, paradoxalmente, a maior e crescente ameaça ambiental de sempre. O combate ao aquecimento global passa essencialmente por regular esta globalização desmedida.
Ao vencer as presidenciais na segunda volta, Macron tinha afirmado o politicamente correcto: que queria unir os franceses. Para dentro terá dito às elites que não se preocupassem, pois não haveria sobressaltos na trajectória. Macron representa a actual e triste Europa sempre cheia de discursos sumptuosos, sem qualquer visão e pragmatismo de futuro.
Fernando Ribeiro, São João da Madeira
Sofrimento
Israel continua a matança, o horror! Será que ninguém vê isto? Serão as agências noticiosas de Israel totalmente censuradas? Os israelitas não vêem que as suas Forças de Defesa estão destinadas apenas a acabar com o povo palestiniano.
Eles não são humanos! Aqueles soldados e seus tanques passam por cima de tudo, um tudo que já é feito de cadáveres, destroços e sangue de tantas crianças, idosos, do sofrido povo palestiniano.
O genocídio já foi reconhecido por diversos países à excepção dos óbvios EUA e seus fiéis seguidores, a União Europeia de Von der Leyen.
Será o deus de Israel tão cruel que permita que tal barbaridade seja cometida diariamente?
Helena Azul Tomé, Lisboa
A moralidade do meu avô e a imoralidade dos deputados
O meu avô sabia ler, escrever e contar, não tinha nenhum diploma, mas tinha um princípio: não permitia que na sua presença se falasse mal de quem não estava presente e não se podia defender.
Ora, segundo o senhor presidente da Assembleia da República, aos deputados, que são na sua maioria doutores, este princípio não se aplica. É precisamente o contrário: os deputados podem dizer as alarvidades que quiserem sobre quem não está na sala, mas não podem dizer o mesmo sobre quem está presente.
Ficámos também a saber que eu posso ser processado se falar depreciativamente de um deputado. Já ele, ao ao abrigo da liberdade de expressão, pode dizer o que quiser. A liberdade de expressão não é para todos.
Moral da história: um semianalfabeto do século XIX tinha mais princípios do que um doutor do século XXI.
Quintino Silva, Paredes de Coura
Portugal na Europa
As eleições europeias são uma oportunidade dos candidatos à Europa mostrarem a capacidade de defenderem o país naquilo que poderá ser, ou não, importante para o conjunto dos Estados-membros, segundo a visão de alguns, a qual poderá também não ser a visão para o comum dos cidadãos.
A verdade é que fazer parte da União Europeia implica o conhecimento das questões europeias, em que o mais importante é a solidariedade que ao longo dos anos tem sido colocada em prática para com os mais vulneráveis, sendo uma característica daquela que inicialmente foi chamada “Comunidade Europeia do Carvão e do Aço”, composta por seis países.
Nem sempre as decisões da União Europeia são consensuais, o que nos poderá levar a pensar se todos aqueles que são apontados como candidatos ao lugar de deputados estarão preparados para o desafio, quando alguns contestam as políticas europeias (e a sua eventual eleição acaba por ser um contra-senso), e quando muitos se esquecem que exemplos como o do Plano de Recuperação e Resiliência, à semelhança de outros apoios do passado, são a salvação de Portugal.
Américo Lourenço, Sines
Ana Cristina Leonardo
Raramente saboreei com tanto gozo uma coluna como a que publicou [ontem], Os empatas, no PÚBLICO, Ana Cristina Leonardo. Inteligente, bem escrita e num ainda melhor português, engraçada, pertinente, foi um prazer lê-la e relê-la, ainda mais por, até hoje, nunca ter dado pela dita senhora.
Não seria altura de substituir alguns dos insípidos (para não dizer chatos), convencidos e analgésicos colunistas do PÚBLICO — sem citar nomes, estou a lembrar-me de uma, frequentemente insuportável e gongórica — pela verve de Ana Cristina?
Elysio Correia Ribeiro