Morreu esta terça-feira, em Lisboa, o pediatra José Miguel Ramos de Almeida. Tinha 94 anos, confirmou ao Expresso fonte da família.
Licenciado pela Faculdade de Medicina de Lisboa (1954), Ramos de Almeida percorreu lodos os graus da carreira hospitalar e trabalhou como bolseiro da Organização Mundial de Saúde em hospitais pediátricos de Toronto, Boston e Nova Iorque.
Foi também um amante da democracia e seu defensor durante a ditadura do Estado Novo. Tal como o seu irmão Pedro, dirigente do PCP, falecido em 2012.
José Miguel Ramos de Almeida ensinou Pediatria, desde 1964, como assistente da Faculdade de Medicina de Lisboa. Doutorado em 1987, fez a agregação em 1991 e foi aprovado no concurso para professor catedrático em 1995, na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa. Fez ainda parte de comissões de saúde materna e infantil e de politica hospitalar, dependentes da Presidência do Conselho e do Ministério da Saúde.
Ramos de Almeida foi também membro da Comissão Instaladora da Maternidade Dr. Alfredo da Costa (1974-78), cujo serviço de Pediatria dirigiu entre 1975 e 1996, como indica na biografia do site pessoal que mantinha. O agora desaparecido presidiu à Sociedade Portuguesa de Pediatria (1979-81) e ao Conselho Técnico do Instituto de Apoio à Criança (1987-88).
Vogal e presidente do Conselho Disciplinar Regional do Sul da Ordem dos Médicos (1992-98), foi eleito académico de número da Academia Portuguesa de Medicina em 1997.
Publicou em revistas científicas, incluindo estrangeiras, e participou em congressos e reuniões nacionais e internacionais. Também deu à estampa memórias da guerra colonial e organizou um volume de homenagem a Fernando Abranches Ferrão, seu padrasto e combatente antifascista, que muito o influenciou.
Entre outras distinções, Ramos de Almeida recebeu o prémio Memorial Arce-Sánchez Villares (2000), atribuído anualmente pela Sociedade de Pediatria de Astúrias, Cantábria, Castela e Leão.