Investigadores do Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP) desenvolveram um “método inovador” de uso oral que, feito a partir do kiwi, permite tratar os efeitos secundários provocados pela quimioterapia e radioterapia em doentes oncológicos, foi revelado esta quarta-feira em comunicado.
O projecto, intitulado Kiwi4Health, pretende “trazer alívio a milhares de doentes oncológicos” e “revolucionar o tratamento” da mucosite oral, complicação associada aos tratamentos de quimioterapia citotóxica e radioterapia, revelou o ISEP em comunicado.
Caracterizada por lesões eritematosas e ulcerativas na mucosa oral, a mucosite oral causa dor intensa. Actualmente, os tratamentos são de curta duração e requerem frequentemente o uso de analgésicos, “proporcionando apenas um alívio temporário”.
“Estima-se que entre 40 a 80% dos doentes submetidos a quimioterapia convencional e quase todos os que recorrem a radioterapia sofrem desta condição muitas vezes incapacitante”, indica o comunicado.
Investigações mais recentes apontaram para o potencial benéfico dos polifenóis presentes na fruta, especialmente no baby kiwi, para o tratamento da mucosite oral.
Aproveitando esses avanços, os investigadores do ISEP desenvolveram “um método inovador para a criação de um filme bucal utilizando compostos bioactivos extraídos dos subprodutos do cultivo de baby kiwis”.
Citada no comunicado, a investigadora Francisca Rodrigues, afirma que o processo envolve técnicas de extracção verde, utilizando água e compostos bioactivos encapsulados, resultando “num produto que pode ser facilmente aplicado na mucosa oral, proporcionando alívio prolongado e eficaz”.
“Os ensaios in vitro em modelos bucais, acoplados aos ensaios in vivo em animais, que realizamos já com o extracto, são muito promissores, indicando uma nova esperança para os pacientes que sofrem desta dolorosa condição”, indicou a investigadora.
O desenvolvimento deste método representa uma “abordagem positiva na prevenção e tratamento dos efeitos secundários” da quimioterapia e radioterapia, “destacando-se pela utilização de componentes naturais e sustentáveis”, continuou. Ademais, “o filme bucal demonstrou ter uma rápida capacidade de dissolução e permitindo a transferência dos compostos”.
Financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, o projecto envolve investigadores da REQUIMTE e da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, tendo já um parceiro interessado na comercialização do filme muco adesivo.