A terceira edição da cimeira Digital With Purpose (DWP) arranca já na próxima terça-feira, 9 de julho para três dias de debates, workshops e dinamização de parcerias, com o objetivo de procurar soluções capazes de endereçar alguns dos maiores desafios que o mundo enfrenta, com a ajuda da tecnologia. Com base nas áreas da biodiversidade, cidades inteligentes e sustentáveis e educação, o programa conta com a participação de especialistas nacionais e internacionais, dos sectores público e privado, mas também da academia e da política.
Este ano, a cimeira trará igualmente a palco o tema das finanças sustentáveis, cada vez mais presente no dia a dia das organizações, e a incontornável inteligência artificial (IA) que, acredita Luís Neves, contribuirá para acelerar o desenvolvimento e a implementação de soluções tecnológicas que possam contribuir para cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), definidos pelas Nações Unidas, até 2030.
Aliás, o CEO da GeSI (Global Enabling Sustainability Initiative) recorda que 45% dos ODS podem ser diretamente impactados pelo digital, o que significa que “é preciso acelerar e trabalhar em conjunto para assegurar que o planeta se mantém no caminho da sustentabilidade, o que é muito complicado quando vemos cada vez mais impactos negativos”.
Gestão da água é tema crítico
Num contexto global em que cerca de metade da população tem pouco ou nenhum acesso a água, concretizar o 6º ODS, que advoga a urgência de garantir água potável e saneamento a toda a população mundial, é um objetivo crítico e que, nas palavras de Luís Neves, “tem muito a beneficiar com a utilização de soluções tecnológicas”. Uma opinião partilhada por Nizar Kammourie que lembra que apenas 5% da água é usada para consumo humano, o que significa que com as ferramentas certas e a vontade de governos e empresas, “é um desafio que pode ser solucionado”.
“É preciso acelerar e trabalhar em conjunto para assegurar que o planeta se mantém no caminho da sustentabilidade, o que é muito complicado quando vemos cada vez mais impactos negativos” O CEO da SAWACO, empresa especializada na dessalinização da água, que faz igualmente parte do board da GeSI, marcará presença no DWP com a missão de promover a digitalização do sector da água e de incentivar as empresas tecnológicas a dedicar mais da sua inovação e pesquisa ao sector que, aponta, “é o mais fragmentado do mundo”. Na perspetiva de Nizar Kammourie é essencial “trazer alguma disciplina, alguma estrutura, e alguns padrões para este sector. Acredito que o resultado será melhor com ferramentas e soluções digitais”.
Ao contrário do que possa pensar-se, o problema da escassez de água é verdadeiramente global. Nizar Kammourie lembra que há países ricos sem água – como é o caso da Arábia Saudita e outros na região do Médio Oriente -, países europeus com capacidade de investimento, mas a perder as suas reservas de água devido às alterações climáticas, ou países com baixos recursos financeiros que dispõem de muita água, mas que não fazem a sua gestão adequada. Só nos Estados Unidos, exemplifica, “existem mais de 5.000 municípios com stresse hídrico tão grave como na região da África subsariana”.
Para cada um destes desafios existem distintas soluções, como explica o CEO da SAWACO. A dessalinização é aquilo a que Nizar Kammourie chama “o recurso final”, uma vez que antes desta solução existem outras igualmente eficazes como o tratamento das águas residuais, filtragem ou reciclagem – para regas, utilização na indústria e, até, para consumo humano. Feitas as contas, estas respostas podem custar algo como €0,30 por metro cúbico, enquanto a dessalinização terá custos na ordem dos €0,90 por metro cúbico.
(apenas) dos recursos hídricos globais são usados para consumo humano
Através da GeSI, o responsável da SAWACO ajudará a promover a Water Digitalization Initiative (Iniciativa de Digitalização da Água) junto da Comissão Europeia, das Nações Unidas e num conjunto de fóruns em todo o mundo, com vista a desenvolver ações conjuntas que permitam reduzir a escassez de água no mundo. “Estou muito otimista de que conseguiremos fazer a diferença”, afirma.
Descarbonizar e incluir
Transformar as cidades, tornando-as mais eficientes e sustentáveis através da digitalização “contribui para a descarbonização, mas também as torna mais inclusivas”, garante Giorgia Rambelli. Na opinião da diretora da Urban Transitions Mission – projeto lançado na COP26, em 2021 com o objetivo de capacitar e preparar as cidades em todo o mundo para a descarbonização através de um trabalho em rede – “a tecnologia é apenas uma ferramenta para tornar as cidades mais inteligentes, mas é também uma ferramenta para as tornar mais sustentáveis”, salienta.
Giorgia Rambelli sublinha, contudo, que a tecnologia levanta um conjunto de outras questões para as quais é preciso olhar com atenção. Segurança (e cibersegurança), acesso a dados de qualidade e standards tecnológicos que facilitem a interoperabilidade entre diferentes sistemas – públicos e privados – são alguns dos desafios que é preciso ultrapassar. Aqui, aponta, “a regulamentação é muito importante”. A responsável explica que são necessários padrões, governança e monitorização e fortalecer a parceria entre sector público, privado e comunidades.
Atualmente, não faltam bons exemplos de transformação das cidades – Amã, Singapura, Manchester ou Cascais, como exemplifica Giorgia Rambelli -, que podem partilhar a sua experiência com outras que estão a iniciar este caminho, com vista a escalar soluções que, a prazo, possam tornar-se acessíveis mesmo a países com menores rendimentos.
O que é?
É um evento que irá reunir líderes, empresas e organizações globais e nacionais para discutir a adoção de soluções digitais sustentáveis que permitam cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (OSD) da ONU para 2030.
Quando, onde e a que horas?
O evento terá lugar entre os dias 9 e 11 de julho no Centro de Congressos do Estoril, a partir das 14h00 no dia 9, e a partir das 10h00 nos dias 10 e 11.
Quem são os oradores?
Estão confirmados mais de meia centena de oradores, provenientes de dezenas de países e representantes de governos, instituições públicas, empresas, start-ups ou universidades. Para conhecê-los veja aqui.
Porque é que este tema é central?
O impacto das ferramentas digitais nos vários sectores da sociedade pode fazer a diferença e contribuir para a aceleração e o cumprimento dos 17 OSD. No entanto, este é um trabalho que tem que ser feito em conjunto entre sector público, privado e social para que o seu efeito seja mais célere. Esta é já a terceira cimeira, promovida pela GeSi (Global Enabling Sustainability Initiative), organização global que promove o impacto do sector da tecnologia na sustentabilidade e que procura unir os diferentes stakeholders para dinamizar este trabalho de parceria.
Como posso ver?
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