A Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) encerrou durante a madrugada de sexta-feira, 17 de Maio, o edifício onde funciona o Departamento de Ciência de Computadores. O espaço, que habitualmente fica aberto 24 horas, foi fechado depois de ter sido ocupado por estudantes em solidariedade com a Palestina.
Na quinta-feira à noite, por volta das 22h30, um grupo de mais de 50 estudantes e activistas ocuparam o Departamento de Ciência de Computadores tendo, pouco tempo depois, sido informados que não poderiam permanecer no interior. Decidiram então concentrar-se no exterior do edifício.
Contudo, às 00h13, os seguranças fecharam “por indicações superiores” as portas do edifício. No interior estavam mais de dez alunos a estudar que tiveram de abandonar o espaço, constatou a Lusa no local.
À porta, os estudantes contestaram e lamentaram a decisão por terem ficado privados do local de estudo, criticando e acusando os manifestantes pelo sucedido.
O grupo de alunos e activistas de diferentes movimentos continua à porta do Departamento de Ciência de Computadores num protesto pró-Palestina.
Os manifestantes exigem que a Universidade do Porto “rompa imediatamente todas as relações que mantém com instituições e empresas israelitas e que condene oficialmente o actual genocídio na Palestina”.
A acção faz parte da luta internacional de protesto estudantil que se iniciou em universidades norte-americanas e já se estendeu a instituições de ensino superior em Lisboa e outra cidades europeias, do Canadá, México e até Austrália, a exigir o fim da ofensiva israelita na Faixa de Gaza.
Num outro protesto junto à reitoria da Universidade do Porto, no início de Maio, o reitor manifestou apoio à causa pela defesa da Palestina, mas declarou que esta instituição não tem parcerias com o Estado israelita.
António Sousa Pereira acrescentou que as faculdades mencionadas na carta aberta dos estudantes e que, dizem os manifestantes, têm ligações com empresas israelitas “fazem parte de consórcios internacionais, onde participam instituições científicas e de ensino israelita, mas não há qualquer tipo de ligação directa com o Estado.” Entre elas estavam o Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC) e o Instituto de Biologia Molecular e Celular que confirmaram ao P3 que as relações com Israel já terminaram.
Assim sendo, e como estas instituições científicas “não representam um governo”, António Sousa Pereira considera que não faz sentido terminar com as parcerias.