Os norte americanos Kiss, a banda de I was made for loving you ou Love gun, venderam o seu catálogo musical, bem como os direitos de utilização do seu nome, imagem (os célebres fatos e maquilhagem) e logótipo à empresa sueca Pophouse Entertainment, co-fundada por Björn Ulvaeus, dos Abba, por 300 milhões de dólares (cerca de 276,5 milhões de euros).
A venda de catálogos musicais por quantias astronómicas tem-se sucedido em anos recentes, tanto por parte de veteranos como Bob Dylan, Paul Simon, Tina Turner, Blondie ou Bruce Springsteen, como por nomes de gerações mais recentes, como Shakira ou Calvin Harris. Nesse sentido, a notícia da venda do catálogo dos Kiss seria apenas uma mais a confirmar essa tendência crescente. Neste caso, porém, não se trata da simples venda dos direitos das canções.
O facto de também o nome, imagem e logótipo serem incluídos no negócio é indicativo dos planos futuros da Pophouse Entertainment, empresa que, recorde-se, foi responsável pelo espectáculo ABBA Voyage, em Londres, em que avatares dos membros da banda sueca actuavam como se transportados directamente do seu período áureo na década de 1970. Em Dezembro, no Madison Square Garden, na última noite da digressão de despedida dos Kiss, a banda terminou o concerto revelando avatares de si mesma enquanto jovem. Per Sundin, director-executivo da Pophouse, não revela tudo, mas adianta, citado pela AP, que no futuro estão planos para um biopic, um documentário e uma “experiência Kiss”.
Em declarações à AP, esta quinta-feira, o baixista e vocalista Gene Simmons reafirma que os Kiss terminaram a sua existência enquanto banda de palco e que o acordo firmado com a Pophouse será uma “colaboração” na qual estão bastante “empenhados”: “Estamos nas trincheiras com eles. Falamos a toda a hora. Partilhamos ideias”.
Depois dos ABBA e imediatamente antes dos Kiss, a Pophouse firmou também, em Fevereiro, um acordo com Cyndi Lauper, através do qual adquiriu uma posição maioritária na propriedade do seu catálogo musical. O objectivo é criar um espectáculo multimédia, “uma peça teatral imersiva”, como descreve a cantora de Girls just wanna have fun, em que esta nos conduz pela Nova Iorque em que nasceu e cresceu.
Em 2012, um holograma de Tupac Shakur apareceu para surpresa de todos ao lado de Dr. Dre e Snoop Dogg no festival de Coachella. Uma dúzia de anos depois, esta história musical (digital, imersiva, avatar) acelera cada vez mais.