O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, admitiu que o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, pode estar a protelar o fim da guerra em Gaza por razões políticas, de acordo com uma entrevista à revista “Time” divulgada nesta terça-feira.
Questionado sobre se pensa que Netanyahu está a prolongar a guerra por razões políticas, Biden respondeu: “Há todas as razões para as pessoas chegarem a essa conclusão.” A entrevista decorreu no dia 28 de maio, poucos dias antes de Biden detalhar uma proposta de cessar-fogo em Gaza, e numa altura em que o primeiro-ministro israelita se debate com profundas divisões políticas a nível interno.
O líder norte-americano considerou também como “incerto” se as forças israelitas cometeram crimes de guerra em Gaza e rejeitou as alegações de que Israel está a usar a fome dos civis como método de guerra. No entanto, declarou: “Acho que eles se envolveram em atividades que são inapropriadas.”
Antony Blinken, Joe Biden e Benjamin Netanyahu
BRENDAN SMIALOWSKI
Guerra no Médio Oriente
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⇒ O exército israelita anunciou o início de uma incursão terrestre no campo de refugiados de al-Bureij, na zona centro de Gaza, da qual se retirou em janeiro. As tropas israelitas confirmaram uma operação combinada de forças aéreas e terrestres, tendo estas últimas atuado “seletivamente” contra os milicianos do Hamas na zona. O exército anunciou também que atacou com drones um complexo do Hamas numa escola da Agência das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina, referindo que, no momento do ataque, elementos do grupo palestiniano estavam no interior das instalações situadas no campo de refugiados.
⇒ Os Estados Unidos vão apresentar um projeto de resolução no Conselho de Segurança das Nações Unidas para apoiar o acordo de cessar-fogo em Gaza, apresentado por Joe Biden, e apelar ao Hamas para que o aceite. A embaixadora do país na organização, Linda Thomas-Greenfield, adiantou que os norte-americanos “distribuíram um novo projeto de resolução do Conselho de Segurança que apoia a proposta em cima da mesa para parar os combates em Gaza através de um acordo sobre um cessar-fogo e a libertação dos reféns”.
Linda Thomas-Greenfield
Eduardo Munoz Alvarez
Guerra no Médio Oriente
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⇒ O partido ultraortodoxo Shas, membro do Governo de coligação israelita, manifestou apoio a um possível acordo para a libertação dos reféns sequestrados pelo Hamas. O partido assegura “apoiar plenamente” a proposta, que inclui “medidas a longo prazo”. Já o ministro da Segurança Nacional israelita, o colono de extrema-direita Itamar Ben Gvir, incitou o Governo de Israel a declarar guerra ao grupo libanês Hezbollah, durante uma visita à fronteira norte do país.
⇒ As autoridades de saúde de Gaza, controladas pelo Hamas, acusaram Israel de matar pelo menos 11 pessoas durante a madrugada, incluindo uma família de três pessoas no campo de refugiados de Bureij, e oito polícias. Um porta-voz da defesa civil de Gaza disse ainda que os primeiros socorros recuperaram os corpos de 360 pessoas, a maioria mulheres e crianças, mortas no campo de refugiados de Jabaliya, durante a recente ofensiva israelita de três semanas naquele local.
⇒ O Parlamento esloveno aprovará previsivelmente o reconhecimento da Palestina como Estado, depois de o partido ultraconservador SDS ter retirado a proposta de um referendo consultivo sobre a matéria, que atrasaria pelo menos um mês a votação. Após a retirada da moção, que teria de ser debatida, o Parlamento pode, afinal, votar ainda nesta terça-feira o reconhecimento do Estado da Palestina, que deverá ser aprovado graças à maioria dos três partidos da coligação de centro-esquerda no poder.
Rafah
Anadolu
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⇒ O Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos considerou inconcebível que mais de 500 palestinianos tenham sido mortos na Cisjordânia desde o início do conflito, a 7 de outubro do ano passado. Durante o mesmo período, 24 israelitas, incluindo oito membros das forças de segurança israelitas, foram mortos na Cisjordânia e em Israel em confrontos ou alegados ataques de palestinianos da Cisjordânia, acrescentou Volker Türk.
⇒ A cidade japonesa de Nagasaki não vai convidar Israel para a cerimónia de paz que organiza todos os anos a 9 de agosto em homenagem às vítimas da bomba atómica, lançada pelos Estados Unidos em 1945. “Suspendemos o envio da carta de convite” ao embaixador israelita no Japão, declarou o presidente da Câmara de Nagasaki, Shiro Suzuki. Em vez do convite, a autarquia enviou à embaixada de Israel uma carta “apelando a um cessar-fogo imediato” na Faixa de Gaza.
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