A farmacêutica AstraZeneca pretende reforçar os investimentos e introduzir no mercado 20 novos medicamentos até ao final da década, centrando-se nos cuidados oncológicos e nas doenças raras, e apresentou esta terça-feira uma previsão de crescimento de 75% das suas receitas anuais até 2030.
“A AstraZeneca anuncia hoje uma nova era de crescimento. Em 2023, atingimos o ambicioso objetivo de receitas de 45 mil milhões de dólares, estabelecido há uma década. Com o crescimento entusiasmante do nosso programa inovador, que tem o potencial de transformar milhões de vidas, estamos agora a apontar para 80 mil milhões de dólares até 2030”, afirmou o CEO da empresa.
Em 2023 as receitas da farmacêutica cifraram-se em 45,8 mil milhões de dólares em 2023 (42,2 mil milhões de euros ao câmbio atual).
Soriot sublinhou que 12 dos novos medicamentos poderão gerar mais de 5 mil milhões de dólares (4,6 mil milhões de euros) cada um em receitas, sendo que cinco deles visam especificamente o tratamento do cancro.
A presença da empresa nos mercados emergentes, em particular na China, desempenhará um papel crucial na concretização dos objetivos de crescimento. Soriot sublinhou que, à medida que estes países se desenvolvem economicamente, terão mais capacidade para adquirir medicamentos inovadores. A empresa planeia aproveitar o seu centro de investigação e desenvolvimento em Xangai para avançar em novas áreas científicas.
Os avanços da AstraZeneca nos conjugados anticorpo-fármaco (ADC na sigla em inglês) deverão ser fundamentais para atingir os objetivos de receitas. Os ADC oferecem uma forma sofisticada de quimioterapia que visa as células cancerígenas, poupando os tecidos saudáveis. A empresa anunciou recentemente um investimento de 1,5 mil milhões de dólares (cerca de 1,4 mil milhões de euros) numa nova unidade de produção em Singapura dedicada aos ADC, que servirá também os mercados asiáticos.
Apesar das perspetivas otimistas, Soriot reconheceu a existência de vários desafios, incluindo o expirar de patentes e a evolução dos regulamentos relativos aos custos dos cuidados de saúde. O Farxiga, o medicamento para o tratamento para a diabetes mais vendido da AstraZeneca em 2023, começará a perder a proteção da patente em 2026. Além disso, a empresa enfrenta potenciais impactos do “Inflation Reduction Act” dos Estados Unidos, pacote legislativo que, entre outras medidas, permite ao governo negociar os preços dos medicamentos.
Além dos seus esforços no domínio da oncologia, a AstraZeneca está atenta ao lucrativo mercado dos medicamentos contra a obesidade, atualmente dominado pela Eli Lilly e pela Novo Nordisk.