A noite foi difícil para quem precisou de ir à urgência do hospital Beatriz Ângelo, em Loures. O tempo de espera para doentes com pulseira amarela era superior a 11 horas. Ao longo da manhã foi diminuindo e perto da hora de almoço rondava as cinco horas.
Menos tempo à espera para ser visto por um médico, mas ainda assim demasiado em relação ao recomendado.
Tem sido assim nos últimos dias em vários hospitais de Lisboa. Perto do verão, a pressão aumenta: desde logo, porque há menos médicos para preencher as escalas, mas há outros fatores que estão a contribuir para os longos tempos de espera.
“Nesta época temos verificado um aumento das infeções, nomeadamente infeções respiratórias, e até um aumento, novamente, dos casos de covid. Mas, também temos de pensar que numa coisa: estas pessoas não têm médico há anos (…), obviamente que sabendo que não vão ter outra resposta, a porta aberta é a urgência”, diz Maria João Tiago do Sindicato Independente dos Médicos.
E mais, acrescenta, com “o aumento dos casos de covid irá agravar-se ainda mais a situação já de si difícil nos serviços de urgência”, e avizinha-se uma situação “de maior risco: as festas populares”, lembra Paulo Jorge Passos da Federação Nacional dos Médicos (FNAM).
Um risco acrescido numa altura em que milhares de pessoas saem às ruas de Lisboa, o que aumenta a probabilidade de contágio. Segundo a Direção-Geral da Saúde, desde a semana passada, que todos os dias há pelo menos 200 casos positivos. Um aumento considerável em relação aos últimos meses.
A falta de profissionais no SNS é outro dos fatores que influencia a incapacidade de resposta e os médicos alertam para uma situação ainda mais difícil no verão e apelam ao governo para a criação de medidas estruturais