A representante da Comissão Europeia (CE) em Portugal, Sofia Moreira de Sousa, disse hoje que houve “situações pontuais” de desinformação em vários países durante as eleições europeias, afirmando que a prevenção é a “forma para tratar do problema”.
“Foram detectados em vários países situações pontuais (…) de acções com o propósito de induzir a população com informação errónea”, referiu Sofia Moreira de Sousa no evento “Desinformação e Democracia: Riscos e Respostas”, do PÚBLICO, em Lisboa.
Todavia, não foram “detectados fenómenos” que tivessem influência directa nas eleições ou no resultado eleitoral à escala europeia.
“Durante a campanha houve algumas situações que se verificaram, por exemplo, na Alemanha, com uma serie de mensagens difundidas no Telegram, indicando que os boletins de voto estariam falsificados e que haveria um problema com os boletins de votos físicos”, contou.
A responsável explicou que as mensagens foram detectadas de imediato e que “autoridades públicas confirmaram que isso não era verdade”.
“Pensa-se que, como terá sido feito atempadamente, terá destruído a propagação que já se iniciava da história de que as eleições [europeias] já estariam viciadas”, salientou.
No painel, Sofia Moreira de Sousa recordou que “tem havido um trabalho extensivo” das instituições europeias e dos 27 Estados-membros para prevenir a disseminação de informações falsas.
“Tem havido um trabalho extraordinário, pelo menos no espaço europeu, na área da prevenção e de alerta para os problemas e para os desafios que a desinformação acarreta”, adiantou, referindo que, de acordo com a informação disponível, não terá havido “alteração no sentido das intenções de voto devido à desinformação”.
Sofia Moreira de Sousa disse acreditar que este é o resultado do “trabalho que tem sido feito por todos, das instituições públicas, dos jornalistas, do esforço que tem sido feito pela literacia digital para as pessoas e das escolas”.
“Mas a forma para tratar do problema é mesmo na sua prevenção. Neste momento, há uma série de relatórios que são ainda esperados, nomeadamente ao abrigo do regulamento dos serviços digitais. Está previsto que no início de 2025 um relatório seja apresentando pelas grandes plataformas e motores de busca sobre as medidas que puseram em prática para mitigar potenciais efeitos ou riscos de desinformação que tivessem um grande impacto no processo eleitoral”, avançou.
Sofia Moreira de Sousa precisou que “decorre de um esforço feito nos últimos anos” ao nível da regulamentação e ao nível do trabalho com as plataformas.
“A proliferação das redes sociais e a rapidez com que a comunicação é estabelecida nas redes sociais traz desafios muito diferentes daqueles que existiam há algumas décadas”, acrescentou.