A transição energética implica, como o nome indica, transitar de uma produção de energia a base de combustíveis fósseis para geração à base de fontes renováveis. Mas implica também um aumento da eletrificação, colocando um peso extra nos operadores de redes, ou seja, na E-Redes e na REN.
Foi para debater este desafio que se juntaram, esta tarde, no auditório da sede da EDP, Jorge Esteves, diretor da Direção de Infraestruturas e Redes da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE); Mark Nigge-Uricher, gestor de parcerias na operadora de rede holandesa, a Alliander; Savannah Altvater, chefe de equipa de distribuição da Eurelectric; Zsuzsa Cseko, consultora sénior da equipa de distribuição da Eurelectric; João Gouveia de Carvalho, administrador da E-Redes; João Conceição, administrador executivo da REN; Pedro Amaral Jorge; presidente da Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN); Filipe Costa, ainda como presidente da AICEP e Ferrari Careto, presidente da E-Redes. Estas são as principais conclusões.
1. Mais investimento, mas sustentável
- Com a transição energética tem havido um aumento de projetos que precisam de mais energia elétrica. Seja eles novas unidades fabris, sejam unidades já existentes que estão a eletrificar os processos de produção que eram antes alimentados a combustíveis fósseis.
- Isso implica mais energia a passar nas redes o que significa que é preciso haver um reforço das infraestruturas atuais, ou construindo novas redes ou “usando os ativos existentes de uma forma mais eficiente, recorrendo à tecnologia e à inteligência artificial”, sugeriram Mark Nigge-Uricher e Savannah Altvater.
- É que, já se sabe que, qualquer investimento feito nas redes elétricas pode implicar um aumento das tarifas pagas pelos consumidores e, por isso, é preciso encontrar soluções alternativas ao investimento nas infraestruturas.
- Daí que João Conceição diga: “Não temos objeções em investir, mas há uma razoabilidade. A rede não pode duplicar. O país não pode ser um papel quadriculado ou milimétrico”.
2. Mais flexibilidade e planeamento
- Permitir usar as redes com mais flexibilidade é uma das outras soluções para poder incorporar mais eletricidade na rede sem ter de construir mais infraestruturas.
- Porque, como diz Ferrari Careto, a construção tem custos e também demora tempo, ou seja, se a necessidade é para agora, construir novo não é a solução mais imediata. “Um transformador não se compra no supermercado e não se instala num estalar de dedos”, repara, acrescentando, por isso, que “as decisões que são tomadas têm de ser a longo prazo, para 10 anos”.
- Opinião também partilhada por Savannah Altvater, que considera que se deve “antecipar investimentos”, mesmo que eles pareçam não ser necessários naquele momento. E ainda por Filipe Costa que diz ser preciso “um maior planeamento da rede para acomodar” os pedidos de projetos eletrointensivos que chegam à AICEP, sejam eles unidades de hidrogénio ou fábricas de baterias.
- Para haver flexibilidade é preciso, contudo, regulamentar o que se pode e não pode fazer, para que quem quer investir saiba com o que contar, repara Pedro Amaral Jorge. Ao que Jorge Esteves responde, esclarecendo que estão a ser desenvolvidos três diplomas nesse sentido, mas que ajuda sempre haver projetos piloto.
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