No período mais recente de aperto da política monetária, o valor total dos empréstimos concedidos por bancos residentes às empresas tem vindo a reduzir-se.
A atual redução dos empréstimos das empresas portuguesas está influenciada pelo reembolso dos empréstimos contraídos durante a pandemia, refere o Banco de Portugal que confirma assim as opiniões que os CEO dos bancos portugueses têm revelado nas apresentações de resultados.
O Banco de Portugal conclui que a redução recente do total de empréstimos bancários às empresas foi essencialmente determinada pelo aumento dos reembolsos por parte das empresas cujas posições de liquidez foram reforçadas pelos regimes de apoio governamental durante a pandemia. Por seu turno, o fluxo de novos empréstimos não apresentou alterações substanciais, não obstante o quadro de forte aumento das taxas de juro pelo BCE.
Na sua análise o banco central diz que nos últimos dois anos, o stock de empréstimos às empresas tem-se reduzido (fluxo líquido negativo), embora os novos empréstimos tenham permanecido globalmente estáveis. “Este resultado reflete principalmente a evolução dos empréstimos das empresas que beneficiaram das medidas de apoio ao crédito durante a pandemia, nomeadamente as empresas com crédito com garantia pública e que também beneficiaram das moratórias e, em menor grau, as empresas que beneficiaram de apenas um destes apoios”.
As linhas de crédito com garantia pública implementadas durante a pandemia levaram a um crescimento acentuado do crédito às empresas. Por sua vez, as moratórias de crédito possibilitaram a suspensão do pagamento de juros e dos reembolsos dos empréstimos entre março de 2020 e dezembro de 2021.
Ora a adesão a estas medidas permitiu manter ou reforçar posições de liquidez durante a pandemia.
No período mais recente de aperto da política monetária, o valor total dos empréstimos concedidos por bancos residentes às empresas tem vindo a reduzir-se. Os dados da Central de Responsabilidades de Crédito (CRC) permitem analisar se esta evolução está associada
a comportamentos diferenciados por parte das empresas, consoante tenham ou não beneficiado daquelas medidas de apoio.
O início do pagamento da maioria das linhas de crédito com garantia pública concedidas durante a pandemia, que tinham um período de carência de 18 meses, assim como o fim das moratórias, em dezembro de 2021, contribuíram para o aumento dos reembolsos. O montante total de reembolsos antecipados registou um acréscimo após o início do ciclo de subida das taxas de juro, mas o seu contributo para a evolução dos empréstimos é diminuto, refere o banco central.