O chefe dos serviços secretos das Forças de Defesa de Israel (IDF) apresentou esta segunda-feira o seu pedido de demissão do cargo, assumindo responsabilidades pelo falhanço do seu comando em prever e evitar o ataque terrorista do Hamas contra Israel, no dia 7 de Outubro do ano passado, que fez mais de 1100 mortos e 240 reféns.
“A direcção dos serviços secretos sob o meu comando não esteve à altura da tarefa que nos foi confiada. Trago esse dia negro comigo desde então, dia após dia, noite após noite. A dor horrível da guerra acompanhar-me-á para sempre”, escreveu o major-general Aharon Haliva, numa carta endereçada ao chefe do Estado-Maior das IDF, Herzi Halevi, citada pela Associated Press.
Em resposta, as IDF divulgaram um comunicado, citado pelo Jerusalem Post, a dar conta de que, “numa decisão tomada em conjunto com o chefe do Estado-Maior e com a aprovação do ministro da Defesa”, Yoav Galant, Haliva “vai terminar as suas funções e vai reformar-se das IDF após a nomeação de um sucessor, através de um processo organizado e profissional”.
As Forças Armadas israelitas também agradeceram os 38 anos de serviço do major-general.
Aharon Haliva é a primeira figura de topo da hierarquia militar israelita a demitir-se por causa do ataque levado a cabo pelo grupo islamista palestiniano há mais de seis meses. Logo na altura, porém, assumiu as responsabilidades por não ter conseguido impedir a tragédia e, ao longo dos meses seguintes, foi dando a entender que iria renunciar ao cargo.
A renúncia do chefe militar surge numa altura em que ainda há mais de 130 pessoas sequestradas pelo Hamas e em que a operação militar israelita na Faixa de Gaza continua sem fim à vista.
Segundo as autoridades de Saúde palestinianas, a guerra das IDF no enclave já matou mais de 34 mil pessoas, a grande maioria civis e pelo menos dois terços crianças e mulheres. O conflito devastou duas das maiores cidades de Gaza, levou à deslocação de quase 80% da população e criou uma tragédia humanitária e uma crise alimentar de grandes proporções.
Para além disso, a violência e os confrontos entre colonos israelitas e palestinianos aumentaram na Cisjordânia; e as tensões entre Israel e o Irão escalaram para um nível sem precedentes.
Numa altura em que o país está envolvido em várias frentes militares e diplomáticas, a AP cita especialistas militares que defendem que demissões como a de Haliva podem ser interpretadas como “sinais de fraqueza” de Israel.