O lema “A realidade dos cancros ginecológicos: um drama físico e psicológico” será o foco de um debate no qual vão abordar-se os desafios enfrentados pelas pacientes, numa partilha de conhecimento entre profissionais de saúde e especialistas, bem como discutir estratégias para melhorar não só o tratamento, mas também o suporte psicológico.
São vários os fatores relevantes que envolvem esta doença, desde o impacto físico, o impacto psicológico ou os estigmas e tabus a ela associados, sendo que a educação, hábitos de vida saudáveis e prevenção se tornam absolutamente essenciais.
Refira-se que este tipo de cancro é normalmente silencioso e, por isso, normalmente detetado em fase avançada.
são, aproximadamente, os cancros ginecológicos diagnosticados por ano em Portugal. Colo do útero, ovário, vulva, vagina e endométrio são os mais comuns
Diana Ferreira, médica na Medicina Integrativa na AIM Cancer Center, explica que os principais desafios que as mulheres enfrentam “dependem muito do estado da doença e também do tratamento e do diagnóstico”. “Se o diagnóstico apontar para um cancro na fase inicial, a principal preocupação tem a ver com o medo sobre o que é que aí vem. As pessoas nunca imaginam que isto lhes pode acontecer. É uma fase particularmente difícil dar de caras com a morte, ainda que muitos cancros possam tratar-se. É preciso dar a informação correta, mas não inundar a pessoa com informação numa altura em que precisa de mais apoio emocional”, diz Diana Ferreira.
Na fase de tratamento, de acordo com a médica, “há a gestão dos efeitos secundários, perceber o estado da pessoa no sentido de lhe proporcionar melhor qualidade de vida”.
Diana Ferreira alerta ainda para outra questão, no seu entender, relevante. “Tem a ver com o pós-doença. É muito relevante e pouco se fala. O passar por uma doença grave tem impacto emocional numa pessoa e, pelo que vejo, quando voltam ao trabalho e à sua vida normal, há muita dificuldade em fazer um reajuste a essa nova pessoa”, diz.
A psiquiatra Susana Almeida realça que é “importante perceber de forma precoce que a doente precisa de ser psicologicamente acompanhada”
Por seu turno, Susana Almeida, diretora do Serviço de Psiquiatria do IPO Porto, defende que “felizmente” muitas mulheres não precisam de apoio psicológico ou psiquiátrico. “Isso acontece porque as próprias pessoas têm o seu processo de adaptação e conseguem encontrar mecanismos para ultrapassar os obstáculos e encontrar o equilíbrio”.
“Todavia, há muitas camadas de auxílio, a começar a preparação para o que se segue. E o ser humano consegue prepara-se para uma nova fase se estiver melhor informado”, afirma Susana Almeida. E acrescenta: “O cancro ginecológico envolve coisas muito íntimas e, nesse sentido, é desejável que os psicologistas, em articulação com as outras equipas, estabeleçam a melhor adaptação e percebam quando é útil referenciar para uma psicóloga, sexóloga ou mesmo psiquiatra. É muito importante referenciar precocemente essa necessidade”, realça.
Mas há outras questões relevantes, como, por exemplo, caso surja um processo de luto com a maternidade. “Isso cria um impacto muito grande na identidade da mulher, que às vezes se adapta bem, mas isso não quer dizer que esteja sempre bem. Uma sinalização atenta ajuda muito ao longo da jornada”, reforça.
O que é?
Nesta 4.ª edição do evento “Doenças Esquecidas, Pessoas Únicas”, em debate estará “A realidade dos Cancros Ginecológicos: um drama físico e psicológico”.
Quando, onde e a que horas?
O evento terá lugar na próxima terça-feira, 18 de junho, no Palco Impresa, a partir das 16.30h. A sessão será transmitida em direto na página de Facebook do Expresso.
Quem são os oradores?
- Eric King, Diretor-Geral da GSK Portugal
- Catarina Ramos, 2Logical
- Mariana Coutinho, EVITA – Cancro Hereditário
- Cláudia Fraga, Presidente do Movimento Cancro do Ovário e outros Cancros Ginecológicos (MOG)
- Miguel Barbosa, Diretor do Serviço de Oncologia da ULS São João e IPO Porto
- Susana Almeida, Diretora do Serviço de Psiquiatria do IPO Porto
- Sérgio Barroso, Diretor Clínico e Coordenador da Unidade de Oncologia do Hospital Lusíadas Amadora
- Miriam Brice, Presidente da Careca Power
- Diana Ferreira, Medicina Integrative na AIM Cancer Center
- Adriana Cardoso, farmacêutica
- Filipa Silva, Oncologista na Fundação Champalimaud
Porque é que este tema é central?
O cancro ginecológico causa um forte impacto na vida das mulheres afetadas. Não se trata apenas de uma doença física, pois exige igualmente apoio psicológico. O objetivo é melhorar a qualidade de vida das pacientes.
Onde posso assistir?
Simples, basta clicar AQUI.
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