A primeira vaga de mudanças ocorreu em meados de maio, quando o chefe do Kremlin, poucos dias após a sua tomada de posse para um quinto mandato, substituiu Shoigu, no cargo desde 2012 por um economista sem experiência militar, Andrei Beloussov.
Vladimir Putin justificou a surpreendente remodelação ministerial pela necessidade de otimizar os gastos militares, que dispararam para apoiar as necessidades do Exército na Ucrânia.
Desde então, pelo menos cinco generais ou funcionários, incluindo familiares do antigo ministro, foram detidos por corrupção, num exemplo da ascensão no poder dos tecnocratas dentro do aparelho militar do Kremlin.
Entre os 12 vice-ministros nomeados hoje por decreto presidencial, destaca-se Anna Tsiviliova, prima de Vladimir Putin, que está sob sanções britânicas e da União Europeia.
Esta familiar do Presidente russo estava até agora à frente do importante Fundo dos Defensores da Pátria, criado em 2023, cujo objetivo é, oficialmente, fornecer apoio social personalizado aos veteranos do conflito na Ucrânia e às famílias dos soldados que morreram no conflito.
Tsiviliova será responsável por todas as questões relacionadas com a assistência social aos militares, de acordo com o Ministério da Defesa.
Também na lista aparece o nome de Pavel Fradkov, filho do antigo primeiro-ministro (2004-2007) e diretor dos serviços de inteligência estrangeiros (SVR) entre 2007 e 2016, Mikhail Fradkov, que ficará responsável pelo setor de construção do Exército.
Uma ex-funcionária do Ministério das Finanças, Leonide Gornin, também foi nomeada primeira vice-ministra da Defesa.
A corrupção nos escalões superiores do Exército russo – que se tornou endémica desde a queda da União Soviética, em 1991 – foi uma das críticas formuladas em voz alta pelo chefe do grupo paramilitar Wagner, Yevgeny Prigozhin, que esteve na origem de uma rebelião abortada na Rússia em junho de 2023 e que morreu num acidente de avião dois meses depois.
O Kremlin rejeitou qualquer ideia de purga, garantindo que se trata meramente do resultado de uma operação de luta contra a corrupção.
Desde que chegou ao poder, há quase um quarto de século, Vladimir Putin rodeou-se de muitos amigos próximos, principalmente dos seus anos no KGB e depois do tempo como presidente da Câmara de São Petersburgo, na década de 1990.
Nos últimos anos, vários filhos dos seus familiares foram nomeados para cargos de responsabilidade política e administrativa.