Os portugueses manifestam desconforto com notícias totalmente produzidas através de inteligência artificial (IA), de acordo com o relatório Reuters Digital News Report 2024, divulgado nesta segunda-feira.
O Reuters Digital News Report 2024 (Reuters DNR 2024) é o 13.º relatório anual do Reuters Institute for the Study of Journalism (RISJ) e o 10.º a contar com informação sobre Portugal. Em 2024 participaram 47 mercados de notícias, Portugal incluído.
Enquanto parceiro estratégico, o OberCom – Observatório da Comunicação colaborou com o RISJ na conceção do questionário para Portugal, bem como na análise e interpretação final dos dados.
No que respeita as questões relacionadas com IA, em Portugal “o conhecimento e posicionamento variam de forma significativa de acordo com o género, idade, nível de escolaridade ou rendimento familiar”.
Metade dos portugueses “diz ter bastante ou moderado conhecimento sobre a temática, 38% afirma saber pouco e 7% responde que não sabe nada”.
Relativamente à utilização de IA no jornalismo, “os portugueses demonstram-se mais confortáveis com notícias produzidas por jornalistas humanos com algum suporte de IA, sobretudo em temas como temas ciência e tecnologia, arte e cultura, desporto ou locais/regionais”.
Questionados sobre notícias feitas por um jornalista humano com alguma ajuda de IA, 22% manifestou-se “confortável” e 13% “muito confortável”.
“Já no que respeita as notícias produzidas por IA com alguma supervisão humana mostram-se menos confortáveis, principalmente em temas como política ou crime”, sintetiza o estudo.
Quando questionados sobre notícias produzidas por IA com alguma supervisão humana, 24% dos inquiridos afirma estar “desconfortável” e 19% “muito desconfortável”.
O inquérito foi realizado em 47 mercados: Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, França, Itália, Espanha, Portugal, Irlanda, Noruega, Suécia, Finlândia, Dinamarca, Bélgica, Países Baixos, Suíça, Áustria, Hungria, Eslováquia, República Checa, Polónia, Croácia, Roménia, Bulgária, Grécia, Turquia, Coreia do Sul, Japão, Hong Kong, Índia, Indonésia, Malásia, Filipinas, Taiwan, Tailândia, Singapura, Austrália, Canadá, Brasil, Argentina, Colômbia, Chile, Peru, México, Marrocos, Nigéria, Quénia e África do Sul.
O trabalho de campo foi realizado no final de janeiro/início de fevereiro.