Quase 10 mil manifestantes juntaram-se este sábado frente a um centro de Congressos na cidade alemã de Essen para protestar contra o partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD), que, este fim de semana, realiza ali o seu Congresso.
Na sexta-feira já tinha acontecido um pequeno protesto, mas pacífico. Já este sábado viveram-se momentos de tensão, com algumas centenas a envolverem-se em confrontos com a polícia, que recorreu a bastões e gás pimenta para afastar os manifestantes. Pelo menos 11 agentes ficaram feridos e dezenas de manifestantes foram detidos, segundo os órgãos de comunicação locais, que sublinham que se podem juntar cerca de 80 mil pessoas até domingo, incluindo membros da esquerda radical.
“Ocorreram várias ações violentas com manifestantes, alguns deles encapuzados, a atacaram as forças de segurança. Várias detenções já foram feitas”, anunciou em comunicado a polícia do estado alemão da Renânia do Norte-Vestfália.
Durante a manhã, grupos de manifestantes tentaram bloquear a entrada de uma estrada com cartazes e faixas com frases como: “Traidores do povo”, “Essen odeia totalmente a AfD” ou “É preciso prevenir a propagação do fascismo”, depois de ontem terem apelado nas redes sociais à desobediência civil durante a reunião magna do partido de extrema-direita, que reúne mais de seis dezenas de delegados e dezenas de convidados, após ter alcançado o segundo lugar nas eleições europeias. E houve participantes do Congresso que tiveram que ser escoltados até à entrada principal do pavilhão, por questões de segurança.
No arranque do Congresso, a líder da AfD, Alice Weidel, considerou que o que se passava lá fora “nada tem que ver com a democracia” e que o partido tem todo o direito a realizar o seu Congresso Nacional como qualquer outra força política. Apesar de os protestos ameaçarem a reunião magna, a líder da extrema-direita alemã garantiu que nada fará alterar a agenda de trabalhos da reunião magna.
Já ao autarca da cidade, Thomas Kufen, da CDU (União Democrata Cristã), congratulou-se com os protestos contra políticas antidemocráticas e de incitação ao ódio e ao racismo. “Hoje queremos defender juntos a nossa democracia, a liberdade, a diversidade e a tolerância e tomar uma posição clara contra a exclusão e o extremismo”, declarou o presidente da Câmara, citado pelo jornal “Bild”.
Para domingo são esperadas mais contramanifestações, podendo levar ao reforço do dispositivo policial que hoje devera totalizar cerca de mil agentes da polícia de choque.
Apesar dos recentes escândalos que envolveram a AfD, como associações a espionagem à China e subornos de Moscovo por parte de dois dos principais candidatos da AfD nas Europeias, e planos de deportação de imigrantes, o partido de extrema-direita alcançou o melhor resultado de sempre nas eleições europeias.
Entretanto, foi criado um movimento cívico que reúne várias personalidades e membros da sociedade civil alemã com vista a exercer pressão para a proibição da AfD. O objetivo é alertar para o risco do fascismo no país e quando for alcançada uma maioria favorável no Parlamento germânico dar luz verde à proibição do partido.