A China é “híbrida”, a Rússia recusa qualquer “modernização da sua economia”, os EUA são “incertos” e a Europa “vai na direção certa”. Esta é a análise resumida de Paulo Portas face ao comportamento dos diversos blocos geopolíticos no campo da sustentabilidade ambiental, em que, sublinha, “a Europa vai com o mundo às costas e sozinha não consegue”. O comentador político acredita que é preciso continuar a investir em medidas que promovam a transição para um futuro mais verde e sustentável, mas alerta para os desafios que se avizinham.
“A transição climática ou se faz com as empresas e com a economia ou não se faz”, apontou Paulo Portas durante o evento de lançamento do projeto Visões do Futuro, da Deco Proteste e a que o Expresso se associa como media partner. Para o perito na análise do panorama internacional, é fundamental conseguir aliar crescimento económico e trabalho no tema das alterações climáticas porque só com prosperidade será possível alcançar as metas definidas.
A imprevisibilidade relativamente às eleições nos EUA, por exemplo, poderá ditar o curso que o país tomará na implementação de medidas alinhadas com o Acordo de Paris. Mas há, ainda, outros desafios que importa endereçar, nomeadamente o crescimento da influência da China na produção de painéis solares, eólicas e até carros elétricos, em que é líder, e que pode ameaçar a estratégia de reindustrialização da Europa. O fundamental, defende Paulo Portas, é agir e não perder tempo. “Não percam muito tempo a discutir se a sustentabilidade é mandatória”, avisa.
Durante o lançamento do Visões do Futuro, que decorreu no pulmão de Lisboa, no Monsanto, falou-se ainda sobre o caminho que as empresas e as marcas estão a fazer para não só reduzirem as suas emissões, como para incentivarem a sociedade a adotar comportamentos mais sustentáveis. Para facilitar a escolha do consumidor, a Deco Proteste vai organizar, em parceria com o Expresso no edifício Impresa, dois dias dedicados às Visões do Futuro – um certame que, nos dias 20 e 21 de setembro, vai juntar marcas e consumidores em torno da reflexão sobre um futuro mais verde. “Este caminho não se faz sozinhos. Precisamos das marcas e dos consumidores”, lembrou Miguel Cristóvão, diretor de Negócio da Deco.
O debate sobre “A sustentabilidade que nos une”, moderado pela jornalista da SIC Marta Atalaya, contou com a participação de (da esq. para a dir.) Carolina Coelho (IKEA), Pedro Félix (Sport Lisboa e Benfica), Pedro Pimentel (CentroMarca) e Elsa Agante (DecoProteste)
Nuno Fox
Conheça abaixo as principais conclusões do debate “A sustentabilidade que nos une”, que juntou Carolina Coelho, da IKEA, Pedro Félix, do Sport Lisboa e Benfica, Pedro Pimentel, da CentroMarca, e Elsa Agante, da Deco Proteste.
Futuro sustentável é responsabilidade partilhada
- Ajudar os consumidores a distinguir entre o que são medidas e produtos com base sustentável e o que é greenwashing deve ser, defendem, uma prioridade das empresas. A IKEA, que tem uma estratégia de sustentabilidade estruturada desde 2012, tem feito esse caminho através da redução das suas emissões, mas também pela produção de informação de consciencialização sobre esta temática;
- “Já estamos em 24% de redução da nossa pegada carbónica desde 2016 e isto ao mesmo tempo que crescemos o negócio”, aponta Carolina Coelho, que destaca ainda o projeto Casa Sustentável lançado em parceria com a Deco. Este projeto, esclarece, pretende mostrar como escolhas simples e quotidianas podem mudar o mundo. “Se trocarmos seis lâmpadas incandescentes por seis lâmpadas LED, poupamos mais de 60 euros por ano”, exemplifica;
- No desporto, o Benfica, que conta com mais de 300 mil sócios, assume também a sua quota parte de responsabilidade. “Produzimos 25 toneladas de resíduos em cada jogo. Dessas, conseguimos enviar para reciclagem entre 80% e 90%”, destaca Pedro Félix, que diz que já não é permitida a utilização de copos de plástico de utilização única no estádio;
- Para Pedro Pimentel, da CentroMarca, não restam dúvidas de que “a inovação faz-se hoje tendo em vista a sustentabilidade” e que, além da questão prática das medidas de redução de emissões, as marcas “têm um efeito multiplicador na sociedade”;
- “Podemos ter os melhores materiais e as melhores soluções, mas o comportamento do consumidor faz toda a diferença”, alerta Elsa Agante. A especialista defende, por isso, que as marcas devem apostar numa comunicação clara sobre a sustentabilidade dos seus produtos e basear as suas afirmações “na ciência” para que não sejam confundidas com greenwashing.
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