O primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, decidiu dissolver o gabinete de guerra, criado em 11 de outubro de 2023 na sequência da ofensiva militar contra o Hamas. Uma decisão esperada após o líder da Unidade Nacional, Benny Gantz, e o seu parceiro Gadi Eisenkot terem abandonado o Gabinete de Guerra devido a divergências com o primeiro-ministro.
Os cargos no gabinete foram reivindicados pela extrema-direita, sendo que a dissolução teve como objetivo evitar a inclusão no gabinete dos ministros mais extremistas, avança o jornal israelita Haaretz.
Primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu
JACK GUEZ/REUTERS
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Algumas das questões tratadas pelo Gabinete de Guerra passarão a ser discutidas pelo Gabinete de Segurança, mas as decisões mais sensíveis serão tomadas por um conselho mais restrito. Este fórum deverá incluir os ministros da Defesa, Yoav Gallant, e dos Assuntos Estratégicos, Ron Dermer, o chefe do Conselho de Segurança Nacional, Tzachi Hanegbi, e o líder do partido Shas, Aryeh Deri, acrescentou o jornal isrealita.
Uma “fuga da guerra” antes do fim do gabinete que tinha medo de “manobrar”
“Um homem que fugiu da guerra não vai dar lições de moral ao primeiro-ministro Netanyahu”, escreveu o partido conservador Likud, em resposta às declarações do partido Unidade Nacional, liderado por Gantz.
“Derrotismo: ter medo de deixar o Exército manobrar”, declarou a Unidade Nacional sobre as ações do primeiro-ministro israelita, que na reunião do Governo este domingo, acusou Gantz de querer tomar “decisões derrotistas fracassadas” em relação à guerra.
“Gantz, que evitou tomar decisões difíceis, que cedeu a toda a pressão internacional, que aceitou a criação de um Estado palestiniano e que declarou, acima de tudo, que está disposto a pôr fim à guerra antes do regresso de todos os nossos reféns e do cumprimento de todos os nossos objetivos”, acusou o Likud no seu comunicado sobre o ex-ministro.
A saída de Benny Gantz beneficiou-o na mais recente sondagem realizada pelo diário israelita Maariv sobre possíveis eleições antecipadas e colocou-o à frente de Netanyahu, com 27 assentos parlamentares, contra os 20 que o Likud obteria.
A popularidade de Netanyahu tem registado níveis cada vez mais baixos. Esta segunda-feira milhares de israelitas reuniram-se em protestos para exigir eleições e a libertação dos reféns. “Apesar de este Governo possuir maioria no parlamento, já não representa o que pretende a maioria da sociedade. Este governo está a provocar muito prejuízo ao nosso país”, indicaram manifestantes à agência noticiosa Efe.
OUTRAS NOTÍCIAS QUE MARCARAM O DIA:
⇒ Israel tem a certeza que várias dezenas de reféns detidos na Faixa de Gaza estão vivos, garantiu hoje à agência France-Presse (AFP) um alto responsável envolvido nas negociações para a libertação dos prisioneiros.
⇒ O ministro da Defesa israelita, Yoav Gallant, afirmou que o Exército vai estabelecer “equipas de intervenção” nos colonatos perto de Jenin, na Cisjordânia, face ao que descreveu como “tentativas iranianas de colocar armas avançadas” na região. Durante uma visita à região, o governante indicou que vão comprar ‘drones’ e armas e reforçar a segurança dos residentes israelitas no território palestiniano ocupado. “Continuaremos a fazer todos os esforços, ofensivos e defensivos, para impedir o terrorismo dentro das nossas fronteiras”, disse Gallant numa mensagem na sua conta na rede X (antigo Twitter).
⇒ As autoridades da Noruega anunciaram a entrega de 100 milhões de coroas norueguesas (8 milhões de euros) à agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinianos (UNRWA), que consideram a “coluna vertebral da resposta humanitária em Gaza”. “A guerra, as acusações emitidas por Israel, os contínuos ataques contra a organização e a retirada de fundos por parte de grandes doadores implicaram que a UNRWA se debata com sérias dificuldades financeiras”, indicou em comunicado a ministra do Desenvolvimento Internacional, Anne Kristiansen Tvinnereim. A quantia junta-se a outros 23 milhões de euros previamente anunciados pelo Governo.
⇒ Mais de metade dos israelitas concorda com a proposta de cessar-fogo apresentada pelo Presidente norte-americano, Joe Biden, que inclui a libertação de reféns e a libertação de prisioneiros palestinos. A taxa de confiança tanto no primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, assim como no exército registou baixos níveis.
⇒ Um ‘drone’ israelita matou um membro do grupo xiita libanês Hezbollah ao atingir o carro em que seguia numa estrada no sul do Líbano, noticiou a Agência Nacional de Notícias libanesa. O Hezbollah anunciou mais tarde num comunicado a morte de um combatente, Mohamed Mustafa Ayoub, referindo que foi morto nas hostilidades em curso com Israel. As autoridades israelitas não divulgaram qualquer informação sobre o ataque de hoje.
⇒ O Hamas acusou o exército israelita de mentir sobre a aplicação de “pausas táticas” na ofensiva militar no sul da Faixa de Gaza. “Exigimos que os criminosos da ocupação, incluindo os dirigentes políticos e os militares, sejam julgados”, declararam.
Benjamin Netanyahu lidera um Governo assente em formações extremistas e religiosas
Abir Sultan/Getty Images
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⇒ Os Estados Unidos discutiram com as autoridades de Israel a necessidade de “restaurar a segurança na fronteira norte”, no contexto da escalada de tensão com o Hezbollah, no Líbano. De acordo com um comunicado da Presidência israelita, o enviado da Casa Branca Amos Hochstein discutiu com o Presidente israelita Isaac Herzog, “a necessidade urgente de restaurar a segurança na fronteira norte e permitir que os residentes regressem às suas casas em segurança”.
⇒ As forças armadas israelitas reivindicaram terem abatido 550 milicianos palestinianos na recente operação militar lançada sobre Rafah, no sul da Faixa de Gaza, desmantelando duas das quatro brigadas de combate que o Hamas tinha na zona. As operações israelitas permitiram encontrar “centenas de foguetes no ‘Corredor de Filadélfia’ [fronteira com o Egito]”, afirmaram em comunicado. Foram também encontradas 200 entradas de túneis que conduzem a rotas subterrâneas. Entre eles, pelo menos 25 túneis “longos” que conduzem à fronteira egípcia e alguns que atravessam a região do Sinai e que “eram utilizados pelo Hamas para o contrabando de armas”, argumenta Israel.
⇒ “Em Gaza vai ser preciso uma reconstrução de larga escala, 80% das casas foram destruídas. Neste momento, apenas 14 dos 36 hospitais estão parcialmente em funcionamento, 82% da população não tem acesso à água potável”, disse Jorge Moreira da Silva, diretor-executivo do Escritório das Nações Unidas para Serviços de Projetos.
⇒ A diretora regional da UNICEF para o Médio Oriente e o Norte de África, Adele Jodr, disse que o conflito na Faixa de Gaza converteu-se em uma “guerra contra as crianças”. Acrescentou que existem 37 mil crianças que sofrem má nutrição grave e que 17 mil ficaram órgãos, o que as sujeita a riscos de abusos e exploração. Existem ainda muitos outros que sofreram feridas graves, inclusive perda de algum membro, circunstâncias que lhes podem ser fatais, dada a situação crítica do sistema de saúde na Faixa de Gaza.