Meritxell Serret pode estar em final de mandato, mas não desarma: nem a luta pela independência da Catalunha acabou nem se pode baixar os braços na defesa da democracia. A responsável pela pasta da Ação Externa e União Europeia no governo autonómico catalão visitou Portugal na terceira semana de maio, para contactos institucionais que voltaram a ser possíveis após o isolamento a que a intentona separatista de 2017 condenou os governantes da Catalunha, cuja autonomia foi então suspensa.
Passados esses tempos, e reconhecendo a distensão, Serret defende a decisão do seu partido, a Esquerda Republicana da Catalunha, de passar à oposição após três anos à frente do executivo regional, em aliança com o Juntos pela Catalunha de Carles Puigdemont do verão de 2021 ao outono de 2022, e em minoria desde então. Os maus resultados nas eleições autonómicas do passado dia 12 de maio justificam o fim dessa etapa e a passagem de testemunho a Puigdemont ou aos socialistas de Salvador Illa, dependendo de negociações que ainda estão por encetar.
Nascida em 1975 em Vallfogona de Balaguer, na província de Lérida, Meritxell Serret i Aleu é formada em Ciência Política pela Universidade Autónoma de Barcelona. Fluente em espanhol, inglês, francês e catalão, foi conselheira de Agricultura, Pecuária, Pescas e Alimentação no executivo de Puigdemont (2016-17), destituído pelo Governo central depois da declaração unilateral de independência que se seguiu ao referendo ilegal. Nessa altura foi para a Bélgica com o presidente deposto, fugindo à justiça espanhola. Regressou em 2021.
Comecemos pelo que a traz a Portugal.
A motivação desta vinda a Lisboa é a comemoração dos 50 anos da Revolução dos Cravos. A partir do trabalho conjunto que fizemos com a Fundação Mário Soares e Maria Barroso, a partir dos contactos que encetámos com a delegação do governo catalão aqui, e colaborando com o Centro de Estudos de Temas Contemporâneos, que depende do governo, e através da sua revista “Idees”, quisemos fazer uma monografia de reflexão sobre a história a partir do 25 de Abril e analisando como estão hoje as nossas democracias e os desafios que encaram no futuro. Vamos apresentar esse número da revista e continuar a consolidar as boas relações com a Fundação, que é um ator estratégico para nós.