A Livros de Bordo, pequena editora independente portuguesa, continua no seu labor primoroso de publicar textos sobre viagens no Oriente, alguns recuperados do esquecimento, seja de editores, seja de leitores. Há uns anos, começou a trazer para as livrarias dos nossos dias, entre outros, os livros esgotadíssimos de Wenceslau de Moraes, como “Fernão Mendes Pinto no Japão”, ou ainda o delicioso relato de António Tenreiro da sua viagem por terra entre a Índia e Portugal, publicado originalmente em meados do século XVI.
“China e Macau” reúne estudos e traduções de Camilo Pessanha, organizados por Duarte Drumond Braga e tomando como referência, sempre que possível, as primeiras publicações desses textos. A este trabalho junta-se a primeira reedição em mais de um século da obra “Kuok Man Kau Po Shü – Leituras Chinesas” (1915), um conjunto de fábulas e textos pedagógicos traduzidos em parceria com José Vicente Jorge, grande amigo pessoal de Camilo Pessanha e muitas vezes o seu mentor na ocupação de traduzir a língua escrita chinesa.
Camilo Pessanha nasceu em Coimbra em 1867 e partiu para Macau em 1894, onde acabou por morrer em 1926, vítima da droga e da tuberculose. Autor de “Clepsidra”, publicado em 1920, por Ana e João de Castro Osório, é considerado o melhor poeta simbolista português, tendo influenciado diretamente a geração de “Orpheu”.
Duarte Drumond Braga nasceu em Lisboa em 1981. Investigador e poeta, leciona na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e investiga, publica e ensina sobre relações culturais e literárias Portugal/Ásia, cultura portuguesa e orientalismo português.
Eis a sugestão de leitura desta semana da livraria Palavra de Viajante.