A chegada de alguém a um lugar novo: o início canónico de muitas narrativas. Neste caso, a chegada de Blanche DuBois a casa da irmã, em Nova Orleães, praticamente no início da peça. Blanche chega com uma mala de viagem, vestida com elegância, de chapéu e luvas. Na cena anterior, Stella, Stanley Kowalski e Mitch passam por ali, Stanley entregou um embrulho com carne à mulher, Stella, e acabam por ir todos para o bowling; deixam a cena para a entrada de Blanche, que traz um papel na mão. “Disseram-me para apanhar um eléctrico chamado Desejo, e depois fazer o transbordo para um chamado Cemitérios e andar seis quarteirões e sair nos — Campos Elísios.” “É onde estás agora”, diz Eunice, a vizinha do andar de cima, sentada num degrau. Blanche fala com dificuldade. Tudo lhe parece estranho e inesperado. Vem de Laurel, Mississípi. A grande casa da família e a plantação foram perdidas, engolidas pelas dívidas; todos morreram já, e Blanche até o emprego de professora perdeu. “Os nervos”, diz pouco depois à irmã; teve de tirar uma licença. E ali está. A casa é pobre, tem duas divisões, a cozinha e um quarto, com uma pequena casa de banho. Sem portas, só cortinas. E a história do emprego perdido, ver-se-á, não é bem assim.