As negociações para tentar aprovar o programa de governo da Madeira começam na tarde de amanhã, segunda-feira, com um encontro entre o executivo, o grupo parlamentar do PSD e os partidos da oposição.
O PS e o JPP anunciaram que vão faltar e não se sabe se o Chega estará presente na reunião, mas se até 6 de Julho não houver alteração do sentido de voto o mais certo é a Madeira entrar num vazio legal até Marcelo Rebelo de Sousa voltar a ter poder para dissolver o parlamento regional e convocar eleições. Ou seja, o programa é chumbado, o governo não cai, mas fica como está desde Fevereiro: em gestão.
Se for esse o cenário, a assembleia deverá ser dissolvida a 26 de Novembro e a data mais provável para novas eleições antecipadas é 26 de Janeiro de 2025.
Com este quadro significa também que a Madeira irá viver de duodécimos até, pelo menos, ao primeiro trimestre do próximo ano. Do lado do PS, Paulo Cafôfo já fez saber que não considera grave a falta de orçamento e também não está interessado em falar com o governo e por isso não estará presente. Tal como o JPP, o partido com o qual tentou formar um governo alternativo. Élvio Sousa, líder deste partido, explicou que não vai por não querer participar em reuniões secretas com o governo. E por isso do bloco PS-JPP (juntos têm 20 deputados) não há mudanças de opinião ou de voto. A única alteração é nos argumentos.
Os dois partidos acusaram Miguel Albuquerque de ter mentido ao representante da República ao dar garantias de que formaria um governo sem a hostilização do PAN, do IL e do Chega.
Élvio Sousa pediu uma audiência de urgência a Ireneu Barreto – representante da República na Madeira – para esclarecer quem estava a mentir, mas foi informado pelo Palácio de São Lourenço que as garantias não foram dadas por Albuquerque. Foram os líderes dos partidos a garantir, entre os quais Miguel Castro, do Chega-Madeira. Castro disse que não ia deixar a Madeira sem governo e que nunca iria aprovar um programa do PS. Aliás, o gabinete do representante da República informou que é intenção de Ireneu Barreto esclarecer publicamente e dizer quem, de facto, mentiu e lançou a Madeira em mais um impasse. E que o deverá fazer durante esta semana.
Manuel António Correia, o adversário interno
Miguel Albuquerque foi aplaudido no conselho regional do PSD deste fim de semana e isto apesar do revés no debate do programa de governo, que foi retirado horas antes da votação para evitar um chumbo. A questão é que as feridas abertas no último congresso não estão fechadas e é cada vez mais evidente que, dentro do PSD, há movimentações e que Manuel António Correia volta a ser o rosto dessa contestação numa altura em que a possibilidade de um congresso extraordinário ganha força.
O adversário de Albuquerque emitiu mesmo um comunicado onde lembra que alertou o partido para o quadro de ingovernabilidade e de instabilidade, mas sublinha que o problema não são os militantes. O problema é a liderança que, segundo diz, está a conduzir o PSD para o abismo e, com isso, está a lesar os interesses da Madeira. E também rejeita as acusações de que terá feito apelos ou sugestão de voto noutros partidos e exige mesmo “que seja posto fim a este inaceitável e degradante estado de coisas”.