“Vamos assistir a um planalto da inflação até agosto – devido a efeitos de base – e depois disso descerá para perto dos 2%”, antecipa Centeno. “À medida que formos avançando, ficaremos a saber mais sobre a sensibilidade da economia e da inflação aos nossos cortes nas taxas. Por isso, devemos continuar a depender dos dados. Temos de ser prudentes nos próximos meses”, apelou Mário Centeno.
No início do mês, o grupo de decisores no qual Centeno representa Portugal decidiu descer as três taxas de juro de refência pela primeira vez desde setembro de 2019. A taxa de depósitos recua para 3,75%, a aplicável às operações principais de refinanciamento passa a 4,25% e a de cedência de liquidez cai para 4,5%. Contudo, o BCE não deu certezas sobre se voltará a fazê-lo.
O governador do BdP não quis comentar os passos que o banco central deverá dar no futuro, dizendo ainda assim que “a taxa de juro natural na Europa está certamente abaixo dos atuais níveis de taxas de juro pelo que o caminho em frente, com base no que sabemos hoje, é claro”. Sublinhou também que o BCE vai continuar “dependente” de dados macroeconómicos que vão sendo conhecidos, tendo que estar atento a como é que a inflação reage à flexibilização da política monetária.
A taxa de inflação na Zona Euro em maio ascendeu a 2,6% em termos homólogos, acima das estimativas de 2,5%, enquanto os salários reais também aumentaram. Em relação à evolução das remunerações dos trabalhadores, Mário Centeno crê que “alguma recuperação” é “inevitável”, explicando que este indicador não mostrou qualquer rigidez durante o período inflacionista.