Zero ataca PSP
A partidarização de forças policiais ou das forças armadas é um bom passo para a desestabilização dum país, e por vezes um excelente contributo para uma guerra civil. O apelo do Chega aos polícias vem na sequência de outros ataques à estabilidade do regime, como a ridícula acusação de traição ao Presidente da República.
Como sucede no corpo humano, também no tecido social as infecções oportunistas surgem quando microorganismos que normalmente não causam doenças se aproveitam de uma fraqueza no sistema imunológico do hospedeiro; a extrema-direita explora fraquezas para atingir o regime democrático, não para resolver os seus problemas.
O Chega vai-se desmascarando e mostrando a sua essência: um produto político patológico apoiado no ódio e na mentira que espera criar o caos para depois ficar com o poder. O Movimento Zero é uma patologia política que está a infectar a PSP; veremos como reage o seu sistema imunológico.
José Cavalheiro, Matosinhos
Portugal: um país, dois governos
Portugal continua a inovar politicamente. Depois da “geringonça” – que agora é copiada por toda a Europa –, temos o sistema “Um país, dois governos”. Temos o Governo 1, maioritário, com sede em S. Bento, legitimamente eleito, com programa do Governo aprovado, tudo como deve ser. E temos o Governo 2, com sede no Parlamento português, também legitimamente eleito, com programas eleitorais que, ainda que não aprovados pelo eleitorado, têm a força dos números para os levar avante. O Governo 1 aprova coisas, o Governo 2 rejeita e vice-versa. Mas quando se trata de reduzir impostos ou aumentar a despesa, muitas vezes há concordância, muitas vezes numa lógica de ver “quem dá mais”. Entretanto, o FMI está a observar-nos… E vai dando conselhos a Portugal. Estamos longe da troika II, mas devagarinho para lá caminhamos.
Fernando Vieira, Lisboa
Perigoso, JMT!
João Miguel Tavares (JMT), na sua coluna de ontem (…), dá três alternativas para classificar “homens adultos como André Ventura” (sic): imaturos, irresponsáveis ou perigosos. No meu título, reduzo as hipóteses a uma – perigoso – e no singular, pois (…) o “homem” é único num partido que tem 50 deputados e um milhão de votos. Relevo estes números para que não digam que “desculpo” esses “demasiados”, mas precisamente para os nomear como – esses sim! – imaturos, irresponsáveis e, daí… perigosos. Tal como Hitler e, depois, todos os que, no fim da 2.ª Guerra Mundial, se diziam “amanuenses que só cumpriam ordens”, mas tinham “almas puras como neve”…
Fernando Cardoso Rodrigues, Porto
Alerta urgente
Israel continua na sua senda implacável com o único objectivo de destruir o povo palestiniano e de impedir que o Estado da Palestina seja concretizado como Estado de direito, sem colonatos israelitas no seu território, sem destroços, sem tantas mortes e tanta dor.
O sofrimento daquele povo não se paga nem se apaga. Diariamente, e cada vez com mais fúria, os “cães raivosos” israelitas abatem todos os dias milhares de palestinianos e os que vão sobrevivendo são levados a arrastar-se e a arrastar consigo as suas crianças e velhos.
O Mundo está de olhos postos no futebol, nas eleições em França e nos Estados Unidos e ninguém repara no que acontece em Gaza. Quem os alerta?
Helena Azul Tomé, Lisboa
Desapareceu-nos um dos nossos melhores!
Desapareceu fisicamente Carlos Fausto Bordalo Gomes Dias, compositor e cantautor, um dos nossos mais brilhantes intérpretes, a par de José Afonso, Adriano Correia de Oliveira e outros da mesma estirpe. Durante mais de cinco décadas, cantou a música popular portuguesa, bebendo, também, na musicalidade africana. Fausto, nome artístico, pelo qual era conhecido, cantou, fazendo intervenção social, bastas vezes, sempre ao lado do povo vulnerável, dizendo bastas vezes: ”Outros tempos hão-de vir…”
Recordo, com grato prazer, um extraordinário concerto no CCB, há alguns anos, numa sala onde já não cabia mais ninguém, tendo o cantautor, Fausto, sido acompanhado com um brilhante conjunto de instrumentistas, e cantado palavras lavradas levando-nos à apoteose! Jamais será esquecido, continuará a ser o alquimista da música e das palavras. Só desapareceu, a sua obra permanece!
Vítor Colaço Santos, São João das Lampas