A Autoridade da Concorrência (AdC) deliberou esta quarta-feira “adotar uma decisão de inaplicabilidade” relativa à compra de parte dos títulos do grupo Global Media o que na prática significa que a operação pode finalmente avançar. Este era o último passo que faltava para que a transação pudesse ser concluída.
Na justificação para esta decisão o regulador da concorrência refere que o negócio “não configura uma operação de concentração na aceção do artigo 36.º” da Lei da Concorrência.
A operação em causa passa pela venda pela Global Media de vários dos seus títulos à Notícias Ilimitadas, empresa que é controlada em 61% por cinco investidores reunidos na empresa Verbos Imaculados: a Parsoc (que tem 30% da Verbos Imaculados), a OTI Investimentos (empresa do grupo Officetotal), com 25%, o jornalista Domingos de Andrade, com 20%, a Mesosystem, com 15%, e a Ilíria, com 10%. Domingos de Andrade é diretor-geral da TSF, tendo assumido também a direção-geral editorial dos títulos vendidos: o JN, O Jogo, as revistas Notícias Magazine, Evasões, Volta ao Mundo e JN História e também a NTV e o Delas. Caber-lhe-á a ele a gestão da nova empresa.
Além da Verbos Imaculados, a Global também é acionista da Notícias Ilimitadas, com 30%, e os trabalhadores do novo grupo ficarão coim os restantes 9% através de uma cooperativa que ainda vai ser constituída.
O acordo de venda incluiu também a TSF e no caso da rádio a mudança de mãos contemplou um aumento de capital através do qual a Notícias Ilimitadas fica com 90% enquanto a Global tem os restantes 10%. Isto depois de o negócio da compra dos títulos pela Notícias Ilimitadas ter aumentado para 16 milhões de forma a incluir os 2 milhões de euros adicionais pagos para assegurar que a rádio fica neste universo empresarial, atendendo às manifestações de interesse que houve.
Esta operação de transferência do controlo destes títulos para a Notícias Ilimitadas já tinha tido luz verde da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), que a esteve a analisar a pedido da AdC.
Pagamentos aos colaboradores externos ainda em atraso
O facto de o negócio ainda não ter sido concretizado tem sido apontado como um dos motivos que levou aos atrasos no pagamento dos colaboradores externos dos vários títulos do grupo.
Esta quarta-feira alguns desses colaboradores receberam os valores em falta relativos a março mas ainda há muitos casos por regularizar, segundo apurou o Expresso. O pagamento tinha começado a 22 de maio para um pequeno grupo de pessoas e só agora foi retomado, isto depois de a administração da Global Media ter sido pressionada para regularizar a situação.
A comissão executiva do grupo, presidida por Vítor Coutinho, fez saber na terça-feira que “assim que esteja concluída a venda de marcas, será possível regularizar estes pagamentos”. Referindo que “lamenta profundamente o atraso no pagamento de prestadores de serviços”, explicou que a empresa se encontra “numa grave situação financeira que afeta os fluxos de tesouraria. Apesar de todos os esforços, não tem sido possível pagar atempadamente a todos os colaboradores externos”.
Também em falta continua o pagamento dos subsídios de Natal, situação que se previa que fosse regularizada até ao final de maio. Agora, com a entrada do dinheiro do negócio, também esta situação deverá ser regularizada.