Seria de esperar que, com a autorização concedida pelos aliados ocidentais, para atacar alvos de interesse militar na Rússia, as tropas ucranianas ganhassem vantagem estratégica, mas, “em 2024, as perspetivas no campo de batalha da Ucrânia são das mais sombrias desde fevereiro de 2022”. É o que diz ao Expresso Bulent Gokay, analista de relações internacionais da Universidade de Keele, no Reino Unido, apesar de as forças ucranianas terem conseguido, nos últimos dias, desferir alguns golpes simbólicos em Moscovo.
Uma das aeronaves mais avançadas e caras do Kremlin, e uma das seis que podem disparar o míssil hipersónico russo, o caça Su-57, foi atingida no campo de aviação de Akhtubinsk, no sul da Rússia. Ainda por aquela altura, um caça ucraniano lançou um ataque transfronteiriço contra um posto de comando e um depósito de munições em Belgorod (território russo). Já no Mar de Azov, drones ucranianos avançados executaram um ataque significativo contra navios russos atracados no porto de Taganrog. “Mas, comparando com o que as forças russas conseguiram durante os últimos meses, tudo isto ainda é muito pequeno”, adverte Bulent Gokay. “Apesar do elevado nível de perdas russas [as autoridades ucranianas estimam que a Rússia já terá perdido cerca de 450 mil soldados, entre feridos e mortos], a situação militar da Ucrânia ainda é muito incerta. O país enfrenta uma grande crise de recrutamento após a morte de centenas de milhares de soldados nas linhas da frente.”