Pela primeira vez na sua história, o Congresso Nacional Africano (ANC) deverá obter um resultado abaixo dos 50% dos votos e ser forçado a concertar-se no parlamento sul-africano para reeleger o seu candidato à Presidência, Cyril Ramaphosa, para um segundo mandato de cinco anos, e isso marcará o início de uma mudança fundamental no quadro político, consagrando o “virar da esquina” da ainda maior economia do continente africano.
A forma como se entenderão os 400 membros da Assembleia Nacional na Cidade do Cabo para escolher o chefe de Estado e do Governo, que dirigirá o país a cerca de 400 quilómetros, em Pretória, dependerá da expressão eleitoral do ANC nas eleições de quarta-feira.
África do Sul vai pela primeira vez a eleições sem a memória do ‘apartheid’
Pela primeira vez em trinta anos, a África do Sul vai a eleições com uma população maioritariamente jovem, sem memória do ‘apartheid’, da luta de Mandela pela liberdade ou da ascensão ao poder do seu antigo movimento nacionalista, hoje em declínio.
“Três décadas após o fim do apartheid, o Congresso Nacional Africano (ANC) tenta sobreviver à sua liquidação política”, consideraram os analistas Adriaan Basson e Qaanitah Hunter, a propósito das eleições da próxima quarta-feira.
Na ótica do académico Dominic Maphaka, da Universidade de Noroeste, “a maioria dos jovens, que no passado mostraram uma apatia política para votar, e sendo o grupo demográfico que determinará o resultado destas eleições, irá votar no afastamento do ANC do poder”.