O Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde (ULS) de Viseu Dão-Lafões apresentou esta quinta-feira a sua demissão em bloco, alegando “quebra de confiança política” por parte da ministra da Saúde. A demissão surge depois de Ana Paula Martins ter responsabilizado a administração do Hospital de Viseu pelo fecho da urgência pediátrica desde o início do mês.
Numa carta enviada aos profissionais da ULS, à qual o PÚBLICO teve acesso, a administração apontou que “as recentes declarações públicas da senhora ministra da Saúde, em sede de audição parlamentar ocorrida no dia de ontem, constitui uma manifesta quebra de confiança política na actual equipa do órgão de gestão” da unidade.
Os administradores demissionários sublinharam os esforços da equipa que, apesar das “insuficiências de recursos e as limitações da autonomia de gestão”, “nunca se esquivou aos problemas”. A equipa diz sair de “consciência tranquila” e afirma que apresenta a demissão “para facilitar a transição para uma nova equipa” que lidere a instituição “em condições de perfeita articulação com a tutela”.
Esta quarta-feira, em audição parlamentar, a ministra da Saúde criticou a liderança do Hospital de Viseu: “Porque é que temos hospitais, e não vou dizer qual, que em Janeiro já tinha pediatras a entregar o papel das 150 horas e das 250 horas? E não aconteceu nada? Não se fez nada? E achou-se normal que isto acontecesse? E estiveram até agora à espera que fechasse a urgência de pediatria? Isso são bons líderes? Não, não são.”
Ana Paula Martins sublinhou a existência de “lideranças fracas” no SNS e informou que não basta “que os administradores, sejam eles quem forem, venham dizer que não têm condições”. A 21 de Maio, a ULS de Viseu Dão-Lafões, anunciou que ia fechar a urgência pediátrica durante as noites do mês de Junho, por não ter pediatras suficientes.