Considerado pelas sondagens como a principal alternativa a Joe Biden e a Donald Trump, o independente Robert Kennedy Jr. (RFK Jr.), não conseguiu estar presente no debate da semana passada, mas não ficou muito tempo fora das manchetes, reagindo a uma recente acusação de agressão sexual da seguinte forma: “Não sou um menino de igreja”.
A manchete em causa é da revista Vanity Fair que, num perfil exclusivo sobre a histórica família Kennedy, incluiu uma acusação de agressão sexual contra o candidato por uma antiga funcionária da família, Eliza Cooney. Cooney foi contratada em 1998 por Robert e pela mulher para ser ama das quatro crianças do casal e para ajudar o então advogado ambientalista com o seu escritório em Nova Iorque.
A mulher revelou que, nesse ano, Kennedy terá feito repetidos avanços físicos e sexuais sem consentimento, incluindo uma ocasião em que, durante uma reunião, Kennedy tentou acariciar a sua perna. Mais tarde, terá aparecido em tronco nu no quarto da ama e pediu-lhe para aplicar creme nas suas costas.
Alguns meses mais tarde, segundo Cooney, Kennedy terá retido a funcionária junto à bancada da cozinha para a tocar de forma inapropriada. “Fiquei congelada. Chocada.” Conney acrescentou que o episódio de assédio apenas terminou quando um outro funcionário da propriedade dos Kennedy entrou na divisão.
A reação de Robert Kennedy Jr. à denúncia não tardou – nem fugiu ao tom controverso que é habitual nas declarações e discursos do candidato, conhecido por defender inúmeras teorias da conspiração, especialmente sobre a pandemia, vacinas e sobre a comunidade judaica.
Michael Tullberg/Getty Images
“O artigo é um monte de lixo. Eu já disse que não sou um menino de igreja. Eu tive uma juventude muito, muito indisciplinada. Eu disse no meu anúncio de campanha que tenho tantos esqueletos no meu armário que, se todos pudessem votar, eu poderia concorrer a rei do mundo”, comentou RFK, numa entrevista ao podcast Breaking Points.
Kennedy não ficou por aqui na sua tentativa de descredibilizar a acusação da antiga ama, acusando a Vanity Fair de “reciclar histórias com 30 anos”. E, depois de comentar a sua vida e o artigo, disse: “Não vou comentar os detalhes [das histórias]. Mas sabem que eu sou como sou”.
Nas horas e dias depois do debate da semana passada entre Joe Biden e Donald Trump, muitos eleitores, que já não sabiam em quem votar, não terão ficado menos indecisos após as prestações dos dois candidatos. A principal alternativa aos democratas e aos republicanos é precisamente Robert Kennedy Jr.. Segundo o agregador de sondagens do site FiveThirtyEight, o neto do antigo presidente John F. Kennedy e defensor de teorias de conspiração ronda neste momento os 9% nas sondagens nacionais. E estará presente nos boletins de voto no Michigan e, possivelmente, no Wisconsin, dois dos estados-chave nesta eleição, que Biden venceu por poucos milhares de votos em 2020.