Temos tido vários paradigmas tecno-económicos: 1970 – Electrificação; 1980 – Software; 1990 – Internet; 2000 – Nuvem (Cloud); 2010 – Plataformas; 2020 – Inteligência Artificial (IA).
O ChatGPT foi a plataforma de mais rápido crescimento da história tecnológica do mundo. Ela tem a capacidade de dialogar sobre os mais diversos assuntos, compreendendo o utilizador e respondendo de forma adequada. Esta plataforma vem na linha dos modelos estatísticos de linguagem como o GPT-1 (2018), GPT-2 (2019) e GPT-3 (2020), baseados numa nova arquitectura proposta em 2017 pela Google.
Esta plataforma é vista como o momento da explosão e massificação em termos de utilizadores das aplicações da IA em grande escala. Aplicações deste tipo têm um enorme potencial para aumentar a produtividade, diminuir custos e tempos de resposta, automatizar e tornar mais eficiente um vastíssimo conjunto de tarefas e actividades hoje desempenhadas por profissionais altamente qualificados.
No que toca aos impactos da IA no mercado de trabalho, e face às visões catastrofistas, é preciso perceber que um posto de trabalho engloba um conjunto de tarefas e actividades, passando muitas delas a ser executadas por estas aplicações de IA e, por isso, vão ser destruídas mais tarefas do que postos de trabalho. Então, o desafio que se põe aos profissionais altamente qualificados é o de se reinventarem, abandonando essas tarefas que serão automatizadas, concentrando-se em tarefas mais complexas e com maiores tempos de reflexão e ponderação.
Numa palavra, a IA deverá passar a ser utilizada como co-piloto no posto de trabalho. Um quadro qualificado, se não utilizar a IA, não perde o posto de trabalho apenas devido à IA, mas perde-o a favor de outro colega que compete com ele, porque esse vai utilizar a IA como co-piloto! Um economista, um engenheiro, um consultor ou um advogado não vão ser substituídos pela IA, mas tenderão a ser substituídos por colegas que conhecem e utilizam a IA e que a vão absorvendo no dia-a-dia.
A economia portuguesa, que está condicionada pela baixa produtividade relativa em relação aos seus principais concorrentes no espaço europeu e na economia global, e pela escassez de recursos humanos altamente qualificados, tem com a aplicação destas tecnologias de IA uma grande possibilidade de beneficiar das mesmas, para minimizar essas restrições activas ao seu desenvolvimento.
O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.