Dois milhões e 600 mil é o número de pessoas que a Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que morram todos os anos devido ao consumo de álcool, um valor que corresponde a quase 5% das mortes anuais em todo o mundo entre os acidentes rodoviários, a violência e os abusos.
Apesar do número de mortes ser elevado, a OMS tem registado uma diminuição no consumo na última década. O mesmo se passa em Portugal, no entanto nos últimos 2 anos o Instituto para os Comportamentos Aditivos e as Dependências (ICAD) tem registado uma inversão desta tendência.
“Os valores de hoje são mais altos que os de ontem, mas são mais baixos que há 10 anos. Piorámos nas últimas duas avaliações em grande parte porque o consumo nas mulheres aumentou e, por isso, fez aumentar a média, mas ainda não atingimos os patamares que tínhamos entre 10/12, por exemplo”, diz Manuel Cardoso, Médico e vogal do ICAD
Apesar de em Portugal e no mundo o consumo pelas mulheres ter aumentado nos últimos anos, os homens ainda representam 75% da mortalidade mundial associada ao álcool. A OMS destaca ainda a faixa etária entre os 29 e os 30 anos onde se registou o maior numero de mortes, no entanto, é entre os jovens e adolescentes que o consumo é mais abusivo e é também quando o álcool pode apresentar mais riscos.
“Para a OMS todo o consumo de bebida alcoólica é de risco, abaixo dos 18 anos é claramente pior porque o sistema nervoso central, os próprios órgãos não estão completamente maduros e portanto são mais facilmente prejudicados pela toxicidade do etanol, do álcool em si”, explica Manuel Cardoso.
Confrontada com o cenário mundial, a OMS alerta para a necessidade de melhorar os tratamentos para perturbações relacionadas com o abuso de substancial. Já o ICAD, apela que em Portugal se aposte na legislação da publicidade e dos preços das bebidas alcoólicas.