Chama-se DrugGPT e recorre à Inteligência Artificial para auxiliar e evitar erros na prescrição de medicamentos, fornecendo uma espécie de segunda opinião aos médicos no momento de passar a receita. A ferramenta está a ser desenvolvida pela Universidade de Oxford, em Inglaterra, existindo neste momento um protótipo, conta o “Guardian”.
É sugerida uma lista de possíveis medicamentos que podem ser utilizados pelos pacientes e são feitos alertas para possíveis efeitos secundários e interações medicamentosas que podem resultar na redução ou potencialização do efeito de um medicamento.
O DrugGPT deve ser apenas “um meio para alcançar um fim”, na medida em que a ferramenta deve servir apenas para aconselhar o médico e não para que ele dependa da mesma. “É uma rede de segurança: aqui está uma recomendação para comparar com a sua recomendação”, reforça David Clifton, o responsável máximo pelo projeto, ao diário britânico.
“Imagine que é um clínico geral: que tenta ficar por dentro de um zilião de orientações médicas diferentes que são atualizadas todos os anos. É difícil”, explica.
Embora a inteligência artificial já seja utilizada em contexto médico, nomeadamente através de chatbots como o ChatGPT, que ajudam a verificar diagnósticos e redigir notas ou cartas médicas, o “Guardian” nota que há perigos associados, para os quais várias associações médicas internacionais já alertaram. Entre eles estão as chamadas alucinações, termo que no contexto desta tecnologia menciona os momentos em que as ferramentas dão respostas com base em dados fictícios.
Segundo uma investigação do British Medical Journal estima-se que cerca de 237 milhões de erros ligados à prescrição de medicamentos sejam cometidos todos os anos no país. O DrugGPT é apresentado como uma possível solução para um problema que custa ao sistema de saúde britânico mais de 98 milhões de libras (cerca de 114 milhões de euros).
Em Portugal, só no mês de fevereiro deste ano, foram dispensados mais de 50 milhões de embalagens de medicamentos, de acordo com o “Boletim de Conjuntura” da Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica (Apifarma).
Artigo de Mariana Jerónimo, editado por João Pedro Barros.