A vantagem trabalhista nas sondagens é tão esmagadora que o PM, Rishi Sunak, acabou a campanha a pedir votos não para ganhar, mas para fazer uma “oposição forte”.
Sunak garantiu, por seu lado, que iria “lutar por cada voto” e citou um estudo que indica que se os conservadores conseguirem obter 130 mil votos em determinados círculos poderão conseguir travar a maioria trabalhista. “Para todos os eleitores que pensam que isto está decido – não, ainda não acabou”, frisou o primeiro-ministro cessante, cujas garantias de recuperação económica foram insuficientes para convencer um eleitorado saturado da austeridade, da deterioração dos serviços públicos – principalmente na saúde e na educação – e da incapacidade do Governo para liderar com problemas como a insegurança e a imigração.
Já os trabalhistas alertaram os eleitores para não se deixarem enganar pela admissão de derrota antecipada dos conservadores e não julgarem que a vitória está garantida. “Se querem mudança, têm de votar por ela. Não podemos tomar nada por garantido”, avisou Keir Starmer no último dia de campanha.Sunak pode perder lugar nos Comuns
O primeiro-ministro cessante, Rishi Sunak, pode ficar para a história como o primeiro chefe do Governo em exercício a perder o seu lugar na Câmara dos Comuns. Em 2019, Sunak foi eleito pelo círculo de Richmond and Northallerton (North Yorkshire) com uma maioria de 63% e mais de 27 mil votos de vantagem.
No entanto, uma sondagem recente indica que Sunak pode agora perder o lugar para o candidato trabalhista Tom Wilson, que tem ligeira vantagem sobre o PM nas intenções de voto. Mas Sunak pode não ser o único: segundo as sondagens, onze ministros do Governo cessante podem ficar de fora do próximo Parlamento, incluindo o ministro das Finanças, Jeremy Hunt, e o responsável pela Defesa, Grant Shapps.
Ex-PM não elogiou o sucessor
O ex-PM conservador Boris Johnson, que em 2022 conquistou a última grande vitória eleitoral do partido, só apareceu na campanha esta terça-feira à noite. Johnson participou num comício de Sunak em Londres, mas a animosidade entre os dois foi notória. Não se cumprimentaram nem estiveram em palco juntos e Johnson não fez qualquer elogio ou menção às políticas do seu sucessor, limitando-se a recordar os seus próprios êxitos e a alertar que os trabalhistas se preparam para “arrasar tudo com uma marreta”.
PORMENORES
Recorde de Blair
Grande parte das sondagens sugere que os trabalhistas podem bater o recorde para a maior maioria parlamentar, obtida por Tony Blair em 1997 com 418 deputados.
“Acabou-se”
A ex-ministra Suella Braverman avisou que os conservadores devem preparar-se “para a frustrante realidade da oposição”. “Acabou-se”, diz.
Brexit ausente
A economia e a imigração foram os temas dominantes da campanha, mas o Brexit quase não foi mencionado, apesar da simpatia de Starmer pelo mercado único.