A candidata número um do PS ao Parlamento Europeu defende que Portugal deve reconhecer já o Estado da Palestina, juntamente com Espanha, Noruega e Irlanda, que se preparam para o oficializar esta semana. No podcast “Perguntar não ofende”, de Daniel Oliveira, Marta Temido dá esse passo pela primeira vez, antecipando-se ao próprio PS – que ainda não o declarou publicamente.
Adiantando que no anterior Governo do PS “houve um esforço por fazer avançar os estados-membros a uma só voz, a um só passo, porque era mais eficaz – um trabalho aliás que vinha sido feito por António Costa e pelo anterior ministro dos Negócios Estrangeitos”, Temido reconhece que “o facto de [esse esforço diplomático] não ter avançado até março mostra a dificuldade” na sua concretização dentro da União Europeia. Em qualquer caso, acrescenta, “neste momento, creio que é inevitável que o processo avance por grupos” de países.
“Gostaria que Portugal o fizesse agora. Acho que devemos acompanhar este conjunto de países”, diz pela primeira vez a candidata do PS nas eleições europeias. Porquê agora? “Infelizmente a realidade está a mudar, para pior, com os avisos do secretário-geral da ONU a serem desrespeitados”, justifica a ex-ministra da Saúde.
Mas não é o único ponto em que Temido destoa do do próprio partido. Acontece de forma ainda mais clara quando Temido é questionada sobre a própria lista de candidatos que encabeça, que foi reconstruída sem a presença de qualquer atual eurodeputado: “Não há nenhum motivo para fazer uma análise negativa” do seu trabalho, começa por dizer a ex-ministra socialista, “têm sido de enorme generosidade na forma como têm ajudado a entrar nos dossiês, a explicar o funcionamento intrincado do Parlamento Europeu, a preparar debates e o futuro”.
Mas, assim, porquê a renovação total? Responde Temido: “É uma escolha política que os órgãos do partido fez. Se me pergunta: teria feito essa escolha? Pessoalmente não teria feito essa escolha. Mas os atuais eurodeputados têm sido inexcedíveis. E temos nomes como Francisco Assis, que já fez dois mandatos completos no Parlamento Europeu.”