Já há algum tempo que a possibilidade de uma notícia ser escrita por inteligência artificial (IA) saiu do domínio da imaginação fértil e passou para o mundo bem mais tangível da realidade. Cada vez mais o jornalismo vive perante o dilema do que fazer com a emergência das ferramentas de IA generativa e o seu pode potencialmente transformador na forma de trabalhar duma área que vive em crise, ao passo que o sector das telecomunicações tenta criar um equilíbrio entre automatização e personalização.
“Os operadores de telecomunicações e media irão empregar a IA para transformar os seus negócios e as suas organizações”, garante Rodgério Carapuça, presidente da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações (APDC), para quem “o maior dos riscos será o de não atingir esses objetivos por deficiente aplicação destas tecnologias, risco este que está sempre presente nos processos de transformação digital”.
Na opinião de Ricardo Raposo, manager de Gestão de Produto da Vodafone Portugal, a “inteligência artificial tem um impacto significativo – com tendência a aumentar – em várias vertentes do sector das telecomunicações, permitindo otimizar e aumentar a eficiência das operações (como as das redes, por exemplo), além de contribuir para melhorar a satisfação dos clientes e para acelerar os processos de desenvolvimento de produto”. Importa perceber que “o potencial de aplicação destas tecnologias estende-se às várias áreas das organizações, como engenharia e operações, vendas e marketing ou recursos humanos”.
Temas a discutir na quarta de cinco sessões do projeto “Impacto da Inteligência Artificial”, em que o Expresso é media partner da EY, e que desta feita terá como foco o sector das telecomunicações e media, a que não é alheio os riscos da aplicação das novas ferramentas se a adoção não for feita com cuidado.
“A questão da segurança e da proteção dos dados, a par com o risco que consiste no uso da IA como ferramenta de desinformação são, claro, algumas das nossas maiores preocupações e nas quais estamos empenhados em encontrar soluções de mitigação”, afiança o diretor de Produtos e Serviços B2C da Altice, Tiago Silva Lopes, que destaca como “é preciso sublinhar o papel das empresas de telecomunicações na luta que a Europa tem vindo a travar contra a forma de tratamento desigual e desequilibrado das grandes tecnológicas. Se hoje são elas que encabeçam o desenvolvimento de ferramentas assentes em IA, é porque usufruem das infraestruturas pagas pelas operadoras sem assumir qualquer contrapartida”, explica.
das empresas do sector das telecomunicações e media utilizam tecnologias de inteligência artificial generativa
Para o principal da EY Parthenon, David Oliveira, a IA “está a reestruturar o sector ao promover uma cultura de inovação contínua, otimizando operações e criando uma experiência de utilizador mais personalizada e envolvente. O seu impacto é abrangente, afetando todos os aspetos de como as empresas operam e competem num mundo cada vez mais digital”, com destaque para o “aumento da eficiência operacional e redução de custos” e a “personalização e melhoria da experiência do utilizador/consumidor”, mas sem esquecer, por exemplo, “questões de privacidade e segurança de dados” ou “desafios éticos relacionados com deepfakes e autenticidade”, que são uma questão cada vez mais relevante no mundo da comunicação social”.
“Existe alguma predisposição para neste momento se confundir a inteligência artificial com inteligência artificial generativa, e isto resulta um pouco perigoso porque define a inteligência artificial generativa como solução para todos os problemas, o que não é muito útil e limita as oportunidades”, avisa o diretor de Market & Customer Intelligence da NOS, Pedro Brandão, que considera essencial “focarmo-nos na tecnologia que é útil para os nossos objetivos, para os nossos clientes, para as nossas funções, e não na tecnologia como um fim em si”.
Sobra o papel da legislação, com Augusto Fragoso, diretor-geral de Informação e Inovação da Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM), a considerar que a “pergunta de um milhão de dólares” “qual a melhor fórmula para garantir as oportunidades e reduzir os riscos. Ou seja, como atingir um exercício de regulação equilibrado integrando sempre que possível a remoção de barreiras à inovação”. Segundo o responsável, “este equilíbrio entre os fatores regulatórios que já conhecemos, não é suficiente, e que existem novas dimensões a aditar ou a aumentar na fórmula da constituição da forma de regula”.
“Também é verdade que a regulação desta tecnologia, que progride exponencialmente em velocidade e áreas de aplicação, obrigará à utilização massiva da própria tecnologia para que a regulação possa funcionar”, reflete Augusto Fragoso
Tudo a esclarecer com a conferência cujos detalhes pode conhecer já a seguir.
O que é?
O Expresso e a EY, reúnem os maiores especialistas e empresas para discutir a evolução e o impacto da inteligência artificial nas pessoas, organizações e sociedade. Neste quarto encontro, o tópico será o impacto da IA no sector das telecomunicações e media.
Quando, onde e a que horas?
Quarta-feira, 19 de junho, no edifício Impresa, a partir das 14h (com transmissão no Facebook a 20 de junho, também às 14h).
Quem vai estar presente?
- Bruno Padinha, Chief Digital Officer da Impresa
- David Oliveira, principal da EY-Parthenon
- Ricardo Costa, diretor-geral de informação da Impresa
- Augusto Fragoso, diretor-geral de Informação e Inovação da ANACOM
- Luísa Meireles, diretora de informação da Agência LUSA
- Pedro Brandão, diretor de Market & Customer Intelligence da NOS
- Ricardo Raposo, manager de Gestão de Produto da Vodafone Portugal
- Rogério Carapuça, presidente APDC
- Tiago Silva Lopes, diretor de Produtos e Serviços B2C da Altice
Porque é que este encontro é central?
Porque o sector das telecomunicações e media ainda procura a melhor forma para se debater com a mudança que está a ocorrer a uma velocidade imparável. Se por um lado, acolhem as capacidades de automatização de tarefas para libertar recursos humanos, por outro temem os efeitos dessa mesma automatização. O equilíbrio em discussão será fundamental.
Onde posso seguir?
Este projeto é apoiado por patrocinadores, sendo todo o conteúdo criado, editado e produzido pelo Expresso (ver Código de Conduta), sem interferência externa.