A Rússia e a Ucrânia acusaram-se mutuamente nesta segunda-feira de terem lançado drones kamikaze contra a central nuclear ucraniana de Zaporíjia. O incidente foi condenado pela Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), que lembra que esta é a primeira vez que o local é alvo de uma ação militar direta desde novembro de 2022.
Os inspetores da AIEA analisaram os danos causados em três locais, nomeadamente o impacto no telhado de um reator, mas indicaram que a integridade estrutural não ficou comprometida. Tomada pela Rússia no início da guerra, a maior central nuclear da Europa encontra-se na linha da frente, ao alcance das forças armadas de ambos os lados.
O diretor-geral da AIEA descreveu o sucedido como uma grave escalada e apelou a que não se repita. “Estes ataques imprudentes aumentam significativamente o risco de um acidente nuclear grave e devem cessar imediatamente”, afirmou Rafael Grossi, citado pelo “The Guardian”.
Os russos que controlam as instalações afirmaram que “as tentativas de ataque à central nuclear de Zaporíjia por parte das forças armadas ucranianas continuam”. Já Andriy Kovalenko, responsável do centro ucraniano de combate à desinformação, referiu que Moscovo está a divulgar informações “falsas” sobre Kiev, “fingindo que a ameaça à central e à segurança nuclear vem da Ucrânia”.
The Washington Post
Guerra na Ucrânia
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Outras notícias que marcaram o dia:
⇒ Os ataques russos atingiram 80% das centrais termoelétricas ucranianas nas últimas semanas, declarou o ministro da Energia ucraniano, denunciando “o maior ataque” contra o setor energético do país. “Podemos dizer que foram atacadas cerca de 80% das centrais termoelétricas, mais de metade das centrais hidroelétricas. E um grande número de estações” de retransmissão de energia, afirmou German Galushchenko em conferência de imprensa.
⇒ O chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov, chegou à China para uma visita oficial destinada a reforçar os laços com Pequim, principal parceiro diplomático e económico de Moscovo, anunciou o Governo russo. Segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Lavrov vai permanecer na capital chinesa até terça-feira, onde deve manter conversações com o homólogo chinês, Wang Yi.
Lavrov à chegada a Pequim
AP
⇒ As autoridades ucranianas indicaram que a Rússia lançou 24 drones contra o país, atingindo infraestruturas críticas na região central de Zhytomyr e danificando instalações logísticas no sul. A defesa aérea ucraniana derrubou 17 dos 24 drones utilizados pelos russos, informou a força aérea no Telegram.
⇒ Pelo menos três pessoas morreram na sequência de bombardeamentos russos na região ucraniana de Zaporíjia, já alvo de ataques mortíferos na véspera. “Três pessoas foram mortas e três ficaram feridas”, afirmou o chefe da administração regional de Zaporíjia, Ivan Federov, em mensagens divulgadas nas redes sociais.
⇒ O ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, David Cameron, e o homólogo francês, Stéphane Séjourné, reforçaram o pedido de apoio internacional à Ucrânia. “Ambos estamos absolutamente certos: a Ucrânia deve vencer esta guerra. Se a Ucrânia perder, todos nós perderemos. O custo de não apoiar a Ucrânia agora será muito maior do que o custo de repelir [o Presidente russo, Vladimir] Putin”, lê-se no artigo conjunto publicado no “The Telegraph” pelo 120.º aniversário da “Entente Cordiale”.