Em 2020, durante nove minutos e 29 segundos, o mundo, fechado em casa pela pandemia, ficou colado ao ecrã, a ver a vida de um homem lentamente ser extinguida pela força do joelho de um polícia. Há exatamente quatro anos, a 25 de maio, George Floyd gritou: “Não consigo respirar”. E o mundo gritou com ele.
A morte de George Floyd em Minneapolis pela polícia norte-americana, filmada e transmitida onde quer que houvesse internet, foi a última gota de água para a comunidade afro-americana, após tanta morte, e para a comunidade negra global. Dezenas de milhões em vários continentes saíram à rua para exigir o fim da violência e brutalidade policial, que afeta desproporcionalmente as pessoas racializadas.
Nos Estados Unidos, a resposta veio também através de ação legislativa. A pressão popular após a morte de Floyd gerou centenas de medidas a nível local e nacional, com o objetivo comum de aumentar o escrutínio sobre as forças de segurança, limitar manobras perigosas e combater o racismo na polícia. Mas agora, quatro anos depois, são poucas as conquistas que o movimento antirracista norte-americano tem para celebrar.
“Uma forma de examinar o progresso negro é observando a afronta branca. Temos visto pessoas a banirem livros, a reverterem algumas políticas que estavam a ter sucesso. Mas isto remete para um problema muito mais profundo na América, que é a influência perversa da ideologia de supremacia branca na política norte-americana local e nacional. A maior desilusão para nós desde a morte de George Floyd é ainda sermos confrontados com indiferença e resistência no que diz respeito a salvar e proteger vidas negras”, lamentou Cicley Gay, diretora da administração da fundação Black Lives Matter Global Network Foundation, em declarações ao Expresso.