“Nuno Rebelo de Sousa está a ter um comportamento inaceitável porque usou a circunstância de ser filho do Presidente para meter uma cunha, isso já é censurável. Mas recusar-se a ir à Comissão de Inquérito ainda é mais censurável e nem dar uma explicação pública”, criticou o comentador da SIC.
Luís Marques Mendes, comentador da SIC e antigo presidente do PSD, teceu fortes críticas a Nuno Rebelo de Sousa pelo seu comportamento relativamente à CPI do caso das gémeas e considera que o silêncio está a prejudicar o Presidente da República.
“Nuno Rebelo de Sousa está a ter um comportamento inaceitável porque usou a circunstância de ser filho do Presidente para meter uma cunha, isso já é censurável. Mas recusar-se a ir à Comissão de Inquérito ainda é mais censurável e nem dar uma explicação pública”, criticou o comentador da SIC.
Destaca Luís Marques Mendes que “ainda pior é que Nuno Rebelo de Sousa com este silêncio está a prejudicar o seu pai politicamente e o seu pai não é uma pessoa qualquer. Cortar relações com o filho deve ter sido uma violência”.
“O filho não devia ter colocado o pai numa situação destas. Tudo isto fragiliza Marcelo Rebelo de Sousa. Uma pessoa responsável dá a cara. Do ponto de vista político, isto fragiliza o Presidente”, conclui.
Marcelo Rebelo de Sousa garantiu este domingo que não acompanhou a audição da mãe das gémeas luso-brasileiras no âmbito da CPI que decorreu no Parlamento esta sexta-feira, e que visa perceber se existiu influência política no acesso a medicação com um valor de quatro milhões de euros.
“Não ouvi, não. Não tenho nada mais a dizer. Relativamente a essa matéria não houve matéria de facto que me levasse a dizer mais alguma coisa. Não comento as atividades do Parlamento”, começou por referir o Presidente da República à margem da inauguração de uma exposição em Vila Franca de Xira. Perante a insistência dos jornalistas, Marcelo acrescentou que “os cidadãos são todos iguais perante os órgãos de soberania, perante a lei e perante a Constituição”.
Em audição parlamentar que durou cinco horas, Daniela Martins sublinhou em vários momentos que ouviu “muitas vezes que estava no hospital a mando do Presidente da República” e realçou que “somente conheci a nora do Presidente da República num evento em São Paulo anos depois de ser administrada a medicação”
“Nunca conheci o Presidente da República nem o seu filho. Numa conversa informal, vangloriei-me e disse que os médicos receberam ordens de cima. Fui parva, errei porque disse algo que não verdade”, destacou perante os deputados.
Daniela Martins confirmou que nunca conheceu “ninguém” ligado ao poder político e que “se houve alguma interferência, algum pedido, não tenho como saber isso”. No entanto, reconheceu que a única exceção foi a marcação da primeira consulta.
A mãe das gémeas deslocou-se esta semana a Portugal para prestar declarações aos deputados portugueses na Assembleia da República. O caso das gémeas luso-brasileiras remonta a 2020, quando as crianças residente do outro lado do Atlântico receberam o medicamento Zolgensma, que teve um custo total de quatro milhões de euros, sendo um dos medicamentos mais caros do mundo, para o tratamento de Atrofia Muscular Espinhal.
O caso foi divulgado pela “TVI” em novembro do ano passado e está atualmente a ser investigado pela Procuradoria-Geral da República, analisando as influências políticas que terão sido feitas para as crianças receberem o tratamento. As gémeas adquiriram nacionalidade portuguesa em janeiro de 2020, tendo conseguido a consulta de neuropedriatria no Hospital de Santa Maria em junho do mesmo ano para avançar com o tratamento.
Uma auditoria da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) concluiu que o acesso a esta primeira consulta, para avaliação de tratamento, em Santa Maria, foi ilegal. De facto, uma auditoria interna do hospital veio provar que a marcação desta consulta pela Secretaria de Estado da Saúde (então liderada por Lacerda Sales) foi a exceção ao cumprimento de todas as regras.
Desde o início do mês que o Ministério Público tem avançado no caso, tendo realizado, inclusivamente, buscas nos Ministérios da Saúde e Segurança Social, na Secretaria de Estados, domiciliárias ao ex-secretário e ao ex-diretor clínico Lacerda Sales. Desde então, António Lacerda Sales e Luís Pinheiro, então diretor clínico de Santa Maria, foram constituídos arguidos no processo das gémeas, com Nuno Rebelo de Sousa, filho do Presidente da República português, a juntar-se à lista de arguidos esta semana.
Nuno Rebelo de Sousa é acusado de tentar exercer influências políticas junto do pai e do Ministério da Saúde, com Lacerda Sales a ser suspeito por, alegadamente, ter marcado a consulta das crianças.