Vila Velha de Ródão é uma vila portuguesa raiana no distrito de Castelo Branco, na Beira Baixa. Tem nas Portas de Ródão um monumento natural, de que usufrui em parceria com o município de Nisa. Lugar de grande beleza paisagística, devido à abundância de recursos naturais e a formação geológica, as Portas de Ródão são um foco de concentração de aves, sendo possível observar 116 espécies, muitas das quais consideradas raras ou mesmo em extinção.
Numa escarpa sobranceira ao Tejo, o castelo de Ródão, mais conhecido por castelo do Rei Wamba, é protagonista de muitas das lendas de Vila Velha de Ródão. O rei visigodo, cuja história é transmitida pela sabedoria popular, pretende marcar a origem do castelo, que se crê, todavia, remontar ao período da Reconquista Cristã.
Rico em gravuras, é território de arte rupestre, com um centro que lhe é dedicado (de momento em remodelação). Trata-se de um dos mais importantes conjuntos de arte pós-paleolítico da Europa, constituído por mais de 20 mil gravuras, e que fica localizado no Vale do Tejo.
O cenário convida naturalmente a usufruir desta natureza marcada por escarpas e pelo curso do rio, seja a deslizar de canoa ou de barco pelas águas do rio ou em percursos de geoturismo, mas também através de uma viagem pela história das gentes, nas aldeias e núcleos museológicos como o do Linho e da Tecelagem, ou do Azeite.
Naturalmente, a gastronomia é ponto de honra em terra beirã, desde logo o peixe do rio, mas outros “produtos de oiro”, como o azeite, o mel, a bolaria tradicional, o presunto, os queijos e o vinho, reunidos precisamente sob a nomenclatura de “Terras de Oiro”, muitos dos quais à prova durante o evento anual, a Festa dos Sabores do Tejo.
Em passeio pelo rio Tejo
O cais de Vila Velha de Ródão é um local privilegiado para a prática de desportos náuticos e passeios no rio Tejo. É servido por uma ponte pedonal que atravessa a foz do ribeiro do Enxarrique e faz a ligação ao Parque Ambiental do Tejo-Enxarrique e à Capela da Senhora da Alagada. O Parque Ambiental do Tejo-Enxarrique foi criado para valorizar a estação arqueológica da Foz do Enxarrique, um acampamento atribuído ao Paleolítico Médio e descoberto em 1982, considerado um dos sítios arqueológicos e paleontológicos mais importantes a nível internacional, onde foram encontrados vestígios de materiais líticos talhados e vestígios como o da presença do elefante europeu. Aproveite para seguir de barco e admirar as Portas de Ródão, observar a colina de grifos de Rupel e outras aves. Passa pelas ilhas da Fonte das Virtudes, dos Pescadores e cunhal do Arneiro. Pode ainda alugar uma canoa, gaivota ou praticar SUP com a Vila Portuguesa (tel. 272541138)
Desvendar os mistérios do castelo do Rei Wamba
A entrada neste misterioso monumento é gratuita. O castelo de Ródão ergue-se numa escarpa sobranceira ao rio Tejo, sobre as Portas de Ródão, num local de beleza surpreendente e grande importância estratégica. Acredita-se que remonte ao tempo da ocupação muçulmana e esteja relacionada com a doação do território da Açafa, por D. Sancho I, à Ordem do Templo, em 1199, embora se admita uma origem anterior e a tradição oral o associe ao Rei Wamba, visigodo. Reza a lenda que fundou o castelo, onde vivia com mulher, filhos e corte. A rainha ficava sozinha quando o rei andava em guerra e enamorou-se do rei mouro. Namoravam sentados em cadeiras de pedra, situadas numa e noutra margem das Portas. Perdida de amores, abandona rei e castelo. Confrontado com a situação, Wamba, furioso, disfarça-se de peregrino, entra no castelo do mouro, pedindo esmola, e fala com a rainha, que se finge prisioneira e avisa o rei mouro. O rei visigodo é feito prisioneiro, mas pede o desejo de tocar, pela última vez, a sua corna e tanto toca que os companheiros o acudiram, e derrotaram o exército. A rainha é então julgada pelo conselho, e, por sugestão do filho mais novo, condenada a ser atada numa mó de moinho e despenhada pela íngreme encosta do Tejo. Ainda hoje se diz que nunca mais cresceu mato no local onde o corpo rolou.
Entre caminhos pedestres e banhos refrescantes
A Aldeia do Xisto da Foz do Cobrão localiza-se nas margens do ribeiro Cobrão, no concelho de Vila Velha de Ródão. Um troço do ribeiro permitiu a criação de uma piscina fluvial com margens que projetam uma pequena queda de água, a de Cascata do Poço de Mel. Vá a banhos e aproveite a zona de merendas. Um pequeno passadiço leva ao Núcleo do Linho e da Tecelagem, com visitas guiadas sob marcação (tel. 272543149). Passeie pela aldeia de xisto. O Caminho do Xisto da Foz do Cobrão é um percurso circular, com pouco mais de 11km. Tem início junto à igreja da aldeia, onde fica o miradouro sobre o rio Ocreza. A primeira parte do percurso segue pelas margens do rio, junto a grandes penhascos quartzíticos onde pode admirar o voo dos grifos e lontras a nadar. Encontra as Portas do Vale Mourão, geosítio classificado no Geoparque Naturtejo e, com os olhos postos nesta paisagem, passa junto a Chão das Cervas, terra natal de Manuel Cargaleiro. Sobe ao ponto mais alto do percurso, de onde avista Vale do Cobrão e regressa à Ribeira do Cobrão e rio Ocreza. Percorrer este Caminho é uma forma de conhecer as Portas de Almourão, garganta do rio Ocreza, situadas entre a aldeia da Foz do Cobrão e Sobral Fernando.
Azeite: o oiro de Ródão
A nordeste do bairro das Pesqueiras, na margem esquerda do ribeiro do Enxarrique, próximo do rio Tejo, num edifico em xisto e quartzito é possível conhecer todas as etapas da produção de azeite, dos mais primitivos aos mecânicos. Este Lagar de Varas do Cabeças das Pesqueiras é um dos exemplares mais completos entre os muitos testemunhos existentes na região. No primeiro piso está patente a exposição “Azeite: Oiro de Ródão”. O Espaço Museu do Azeite de Sarnadas de Ródão, complementa o Lagar de Varas. Dá oportunidade de ver uma sala de tulhas em granito, outra de máquinas como pios metálicos e bombas hidráulicas, e, uma terceira, do azeite, com medidas e pequenos objetos do mestre lagareiro. Ambos os equipamentos têm entrada gratuita. A Herdade da Urgueira (tel. 272073570), na freguesia de Perais, a cerca de 15 minutos de Vila Velha de Ródão, conta 620 hectares de uma vasta área rodeada pela fauna e flora, onde é possível pernoitar e, sendo produtor de azeite DOP Portas de Ródão, convida a participar em atividades ligadas ao olivoturismo.
Arroz de lagostins no Vale Mourão
O restaurante Vale Mourão by Chef Pedro Rosa, selecionado pelo Guia Boa Cama Boa Mesa de 2024 e distinguido com o Selo de Qualidade Recheio, sugere “Açorda de Tomate” e “Arroz de lagostins”, que podem ser bem acompanhados pelo peixe do rio da aldeia do Arneiro. Na doçaria, não pode faltar a tradicional “Tigelada beirã”. O restaurante é um espaço confortável e, de verão, permite usufruir da esplanada. Tire partido do miradouro na aldeia da Foz de Cobrão e da presença do chef, que vem à mesa aconselhar (tel. 926164291).
Feira dos Sabores do Tejo
De 28 a 30 de junho, Vila Velha de Ródão propõe diversas atividades culturais como concertos e espetáculos de comédia e artes, gastronomia e artesanato em mais uma edição da Feira dos Sabores do Tejo, organizada pelo Município de Vila Velha de Ródão, em que estão em destaque as tradições da região. A edição de 2024 oferece gastronomia variada, com enfoque nos produtos locais e regionais, nomeadamente o mel, queijos, presunto, conservas de peixe do rio, vinhos, em especial aqueles que ostentam a chancela Terras de Oiro, que integra marcas selecionadas. Referência ainda para o facto de o município utilizar suportes promocionais de materiais recicláveis ou com certificação ambiental reconhecida, procurar a eliminação de plástico e materiais prejudiciais para o ambiente neste evento.
Casas de Almourão
As Casas de Almourão (tel. 912573514), situadas na Aldeia de Xisto de Foz do Cobrão, é uma proposta de alojamento que comporta quatro casas, cada uma inspirada nos produtos emblemáticos da história da aldeia como o linho, tendo havido uma fiação na Foz do Cobrão, o ouro, pela mineração do metal precioso que era explorado onde agora existe a praia fluvial, do azeite, neste caso ainda permanece como um produto da região, e do moinho, sendo esta também uma localidade de atividades rurais. Proporciona vista para o Vale do Almourão e o rio Ocreza. Fica a curta distância da zona de lazer da Foz do Cobrão, com mesas para merendar e rio Ocreza, onde a praia fluvial é adequada à pesca desportiva. Tem panorâmica sobre a serra das Talhadas.
Provas e enologia vintage na Adega 23
Mesmo ao lado da autoestrada 23, no extremo sul da Beira, entre serra da Gardunha e o rio Tejo, localiza-se a Adega 23, com assinatura do atelier de arquitetura RUA. Saboreie os vinhos em conjunto com os produtos regionais, ou participe num workshop de iniciação à prova de vinhos. O edifício está repleto de objetos de arte e mobiliário que despertam a atenção, e curiosos instrumentos antigos de enologia (tel. 910454141). Da varanda, avistam-se a Serra de Mamede e as Portas de Ródão. A natureza e a vinha convidam a passeios e piqueniques ao ar livre. Prove os vinhos, tire partido do pôr-do-sol e fique até ao final do dia para perceber o aparecimento das estrelas do céu único da Beira Baixa.
Roteiro de fim de semana é uma iniciativa Boa Cama Boa Mesa, com o apoio do Recheio, que semanalmente, ao longo do ano de 2024 vai dar a conhecer os principais eventos gastronómicos, entre festivais, feiras e mostras, que promovem regiões, restaurantes e produtos locais.
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