O primeiro-ministro disse esperar esta segunda-feira um acordo de princípio sobre as nomeações para cargos de topo da União Europeia no próximo mandato, quando se fala de António Costa para o Conselho Europeu, pedindo que se evite “um impasse”. “A minha perspetiva é que será possível hoje darmos o primeiro passo e que será possível no Conselho formal – porque este é informal – de 27 e 28 [de junho] chegarmos a um entendimento final para tomarmos as decisões que temos de tomar no Conselho Europeu e, depois, apresentar as propostas que também têm de ser votadas no Parlamento Europeu”, declarou o chefe de Governo, Luís Montenegro, em Bruxelas.
Falando à chegada ao jantar informal de líderes da União Europeia (UE), centrado nas discussões sobre os cargos de topo das instituições comunitárias no próximo ciclo institucional, Luís Montenegro admitiu que esta “é uma perspetiva positiva”, mas insistiu esperar “um acordo de princípio hoje e […] um acordo final na próxima reunião, já no final da próxima semana”.
“Parece-me que é importante que a Europa e, numa altura em que a instabilidade no mundo, numa altura em que a Europa está em guerra, numa altura em que os desafios do alargamento da competitividade económica, da salvaguarda de direitos fundamentais das pessoas, das políticas migratórias, das políticas sociais que nesta altura não se entre num impasse naquilo que é a designação dos mais altos responsáveis das instituições europeias”, argumentou Luís Montenegro. “É a minha perspetiva e creio que é aquilo que é o que melhor salvaguarda e defende os interesses da Europa e também de Portugal”, assinalou.
Sobre António Costa, Luís Montenegro apontou que o ex-primeiro-ministro “tem posições políticas que fazem com que, para além de ser português, se possa ter mais confiança nele do que num socialista alemão, ou um socialista espanhol, ou num socialista maltês ou num socialista dinamarquês, pelo menos daqueles que foram apresentados até agora como potenciais candidatos”.
“Aquilo que é a minha expectativa é que se a família socialista europeia escolher o doutor António Costa como o candidato a ocupar um elevado cargo, que no caso daquilo que se vai perspetivando e desenhando poderá ser a presidência do Conselho Europeu, se essa candidatura for assumida pela família socialista, estou convencido que terá sucesso e, como já tive ocasião de dizer, da parte do Governo português, haverá todo o empenho em poder sustentá-la e apoiá-la”, adiantou.
O Conselho Europeu começa hoje um debate sobre os cargos de topo da UE que deve culminar com uma decisão na cimeira europeia no final do mês, discutindo-se o nome de António Costa para a liderança da instituição, o de Ursula von der Leyen e o de Roberta Metsola para segundos mandatos na Comissão e no Parlamento, respetivamente, e o da primeira-ministra da Estónia para chefe da diplomacia europeia.
Apesar da sua demissão na sequência de investigações judiciais, o ex-primeiro-ministro português continua a ser apontado para suceder ao belga Charles Michel (no cargo desde 2019) na liderança do Conselho Europeu, a instituição da UE que junta os chefes de Governo e de Estado da UE, numa nomeação que é feita pelos líderes europeus, que decidem por maioria qualificada (55% dos 27 Estados-membros, que representem 65% da população total).
É também o Conselho Europeu que propõe o candidato a presidente da Comissão Europeia, instituição que tem vindo a ser liderada desde 2019 por Ursula von der Leyen, num aval final que cabe depois ao Parlamento Europeu, que vota por maioria absoluta (metade dos 720 eurodeputados mais um).