O Governo prepara-se para apresentar um plano abrangente para a Economia. “São 60 medidas que estão a ser ultimadas” e serão anunciadas na próxima semana pelo ministro da Economia, Pedro Reis. A informação foi avançada este sábado por Luís Marques Mendes, no seu habitual espaço de comentário no Jornal da Noite da SIC.
As áreas-chave do plano vão ser inovação, sustentabilidade, comércio, turismo, incentivos para fusão e concentração de empresas para que estas possam ganhar escala. “Será uma espécie de pacotão”, afirmou o comentador e antigo líder do PSD, antecipando que é um tema que irá gerar “muita atenção” na próxima semana.
No espaço de comentário, Marques Mendes abordou ainda os principais assuntos que marcaram a semana, como a nomeação de António Costa para a presidência do Conselho Europeu (CE), o artigo de opinião de Aníbal Cavaco Silva no Expresso em que defende eleições para desbloquear o impasse político, o perfil do novo PGR traçado pela ministra da Justiça e ainda o acordo entre o PS e PSD na Justiça.
A confirmação de António Costa para o CE é uma “boa decisão”, segundo o comentador, em primeiro lugar para a Europa face ao perfil do ex-primeiro-ministro de “diálogo” e “capacidade de negociação”. “Há momentos da vida em que todos ganham e ninguém perde. Não há muitos momentos desses, mas este é um deles”, resumiu Marques Mendes, reconhecendo que é uma decisão também positiva para Portugal, que ganha “prestígio” e “credibilidade” com mais um português num importante cargo internacional.
E reconheceu aqui o papel de Luís Montenegro, ex-adversário de Costa, que não deixou de apoiar o ex-chefe do Governo para o cargo, apoiando a sua candidatura para o CE com “convicção” e “entusiasmo”, apoio que foi “determinante” para a sua nomeação. “Costa precisa de ter sorte e colocar toda a sua capacidade de diálogo”, vincou, antecipando que poderá enfrentar dificuldades no cargo caso vença a extrema-direita em França e Trump, nos EUA.
Não deixou ainda de reconhecer a “ironia” da crise política que acabou por beneficiar António Costa, que se ainda fosse PM não seria presidente do CE, Montenegro que não seria eleito PM e Pedro Nuno Santos não seria ainda secretário-geral do PS.
Cenário de eleições antecipadas “não é desejável”
Quanto ao artigo de opinião de Cavaco Silva no Expresso, o comentador admitiu concordar “em teoria” com o ex-Presidente da República, ao defender que será mais fácil alcançar crescimento e desenvolvimento com um Governo maioritário. Mas na “prática” é diferente, como mostrou a sua própria governação.
“Nem sempre foi assim, Cavaco, em 1985, teve um Governo minoritário e toda a gente o classificou como popular e eficaz. Foi um bom Governo ou não tinha tido depois maior votação”, recordou. Por outro lado, frisou, António Costa teve um Governo de maioria absoluta e foi uma “desilusão”.
Por isso, considera que o ideal seria o atual Governo ir até ao fim da legislatura, uma vez que eleições antecipadas a curto prazo dariam um sinal de “instabilidade”, poderiam prejudicar o PRR e manter quase oes mesmos resultados. “Não é desejável haver eleições antecipadas em Portugal antes de 2026, antes das eleições presidenciais”, reforçou.
Ministra da Justiça passou “certidão de óbito” à PGR
Relativamente à entrevista da ministra Rita Júdice ao Observador, Marques Mendes defendeu que a governante passou uma “certidão de óbito” à atual Procuradora-Geral da República (PGR), Lucília Gago, traçando o perfil do seu sucessor/a. Foi um “erro de casting”, deixou degradar o Ministério Público (MP) “até níveis nunca vistos” e “não vai deixar saudades”. “Esta PGR não ficará de todo na história”, atirou.
Sobre o perfil traçado por Rita Júdice, de necessidade de capacidade de “liderança”, “comunicação” e capacidade para recuperar a “credibilidade” do MP, o social-democrata acrescentou outro requisito necessário para o sucessor de Lucília Gago.
“A escolha do próximo PGR tem que ser feita em consenso político alargado”, sustentou, apontando para a necessidade se ouvirem todos os partidos antes de setembro, altura em que será nomeado o próximo PGR pelo chefe de Estado, por proposta do Governo.
Por último, Marques Mendes elogiou o acordo pré-anunciado entre PS e PSD na Justiça, apontando para o mérito de Pedro Nuno Santos apresentar “ideias concretas” e de Montenegro ter colocado a “partidarite” de lado. O que significa que o país poderá ter um pacto para a Justiça, que deve ter três prioridades na sua visão: garantir que “não há interferência da política e dos políticos na investigação criminal”, assegurar que “a investigação criminal se faz dentro da legalidade e com maior eficácia” e, ao mesmo tempo, zelar para ser respeitada a liberdade de informação. “Os jornalistas não são os responsáveis pelas violações do segredo de justiça. Alguém lhes “passa” informação – o MP, as polícias ou os advogados. Não se podem confundir responsabilidades”, advertiu.