O lucro do Santander em Portugal continua a registar um crescimento devido à evolução das taxas de juro. O resultado líquido do primeiro trimestre ascendeu a 294,4 milhões de euros, mais 58,4% do que no mesmo período do ano passado.
Em comunicado, o banco sublinha que a margem financeira (diferença entre juros pagos nos depósitos e juros cobrados nos créditos) cresceu 64,6%, para 440,6 milhões de euros, nos primeiros três meses do ano. Segundo a instituição, “a evolução desta componente reflete, na quase totalidade, a evolução das taxas de juro de mercado”.
Apesar do elevado crescimento, o Santander refere que “a dinâmica trimestral já refletiu, por um lado, os efeitos da subida da remuneração da base de depósitos, e, por outro, a inversão da curva de rendimentos associada às expetativas de que o BCE possa iniciar um novo ciclo monetário nos próximos trimestres (as taxas de juro Euribor 6 e 12 meses registaram o seu máximo em setembro/outubro de 2023)”.
O presidente executivo, Pedro Castro e Almeida, afirma que nestes primeiros três meses do ano o banco manteve “uma qualidade sólida” da carteira de crédito e “uma adequada geração de capital”.
Apesar dos resultados, o gestor não deixa de frisar que se vive “num contexto de incerteza constante e mudança acelerada”. “A nossa estratégia permanece clara e firme: continuar a investir na inovação, na tecnologia, na simplificação e no talento. São estes pilares que nos permitem fazer a diferença na vida dos nossos clientes”, acrescenta.
O banco detido pelo Santander, que esta manhã apresentou lucros de 2,8 mil milhões de euros no primeiro trimestre, sublinha que “os custos operacionais permaneceram praticamente estáveis face ao mesmo período de 2023 (+1,1%), apesar de a inflação, em especial dos serviços, permanecer ainda bastante acima de 2%”. Os custos ascenderam a 129 milhões de euros.
A instituição dá ainda nota de que o “rácio de eficiência reduziu-se em 8,6 pontos percentuais face ao final de março de 2023, para 22,7%”.
O banco liderado por Pedro Castro e Almeida refere ainda que “apesar da rápida e pronunciada subida das taxas de juro, nos anos de 2022 e 2023, a qualidade da carteira de crédito não foi afetada, beneficiando em grande medida do baixo desemprego, assim como da atuação proativa por parte dos próprios clientes na gestão dos seus créditos”. Por isso, “o rácio de NPE [exposição a crédito não produtivo] situou-se em 1,8%, uma redução em 0,3 pontos percentuais” face a março de 2023.
Crédito a particulares cai, mas financiamento a empresas sobe
O crédito (bruto) ascendeu a 46,6 mil milhões de euros, o que corresponde a um crescimento de 9,6% face a março de 2023. Um aumento que o banco diz decorrer do facto de estar desde “o segundo semestre de 2023 a adaptar a sua oferta às novas necessidades dos clientes num contexto de taxas de juro mais elevadas, o que permitiu, por um lado, captar novos clientes de crédito e, por outro, reduzir o ritmo de amortizações antecipadas que caracterizou parte da dinâmica em 2023”.
Mas nem todo o crédito apresentou o mesmo comportamento. “A carteira de crédito hipotecário registou um montante de 22,3 mil milhões de euros no final de março de 2024, uma redução de 1,5% face a março de 2023”.
O crédito ao consumo caiu 0,4%, para 1,8 mil milhões de euros.
Mas, nas contas do primeiro trimestre o crédito a empresas e institucionais ascendeu a 22,2 mil milhões de euros, ou seja, mais 25,3%, o que decorre da “estratégia de apoio aos projetos dos clientes”, “em complementaridade às soluções de liquidez e de gestão de tesouraria” e ao apoio ao negócio internacional”,a que se juntam “os instrumentos de apoio à transição energética das empresas nacionais”.
Já os recursos de clientes caíram 2,3% face a março de 2023 para 43,8 mil milhões de euros. Uma redução que o banco explica “pela evolução dos depósitos, que se reduziram em 4,7%, para 35,5 mil milhões de euros”. “A evolução face ao final de março de 2023 reflete o processo de ajustamento das famílias e empresas à subida das taxas de juro, no primeiro semestre de 2023, com um maior volume de amortização parcial antecipada de créditos”.
Mas não só. O Santander sublinha que a diversificação de recursos para instrumentos financeiros fora de balanço, como fundos de investimento geridos ou comercializados pelo banco e seguros, registou um aumento de 10,1%, para 8,2 mil milhões de euros.
O rácio de capital CET melhorou para 13,6% no final de março de 2024, registando um acréscimo de 0,2 pontos percentuais face a março de 2023.