“Geografia Sentimental” é um dos mais belos livros de Aquilino Ribeiro. Nele, o autor desenha um retrato da vida das gentes aldeãs nas montanhas e nos campos da sua Beira natal, com a mesma ternura e ironia que colocava nos seus romances, numa curiosa espécie de regionalismo universal.
Seja através da pureza dos sentimentos ou na deformação irresistível dos seus caráteres, o autor de “A Casa Grande de Romarigães” e “O Malhadinhas” expõe aos leitores a alma dos seus conterrâneos, enquanto pinta com riqueza de pormenores a paisagem que molda aqueles junto de quem passou a infância e juventude.
Mesmo quem nunca tenha estado nestes lugares, não deixará de os reconhecer quando por lá passar, tal o detalhe das descrições.
Aquilino Ribeiro nasceu na Beira Alta, concelho de Sernancelhe, em 1885, e morreu em Lisboa, em 1963. Deixou uma vasta obra, na qual que cultivou todos os géneros literários, partilhando com Fernando Pessoa, no dizer de Óscar Lopes, o primado das Letras portuguesas do século XX.
Foi sócio da Academia das Ciências e, após o 25 de Abril, reintegrado, a título póstumo, na Biblioteca Nacional, condecorado com a Ordem da Liberdade e homenageado, aquando do seu centenário, pelo Ministério da Cultura.
Aquilino foi crítico acérrimo do fanatismo ideológico e da opressão política e, em setembro de 2007, por votação unânime da Assembleia da República, o seu corpo foi depositado no Panteão Nacional.
A Bertrand tem vindo a reeditar a obra de Aquilino Ribeiro e este era um livro que já tardava a voltar a estar disponível para os leitores.
Eis a sugestão de leitura desta semana da livraria Palavra de Viajante.