António Lacerda Sales foi chamado para uma audição, nesta segunda-feira, na comissão parlamentar de inquérito (CPI) ao caso das gémeas, mas começou por invocar o seu estatuto de arguido para manter o silêncio. O antigo secretário de Estado foi constituído arguido no inquérito aberto pelo Ministério Público, na sequência de buscas feitas pela Polícia Judiciária no Ministério da Saúde e no Hospital Santa Maria.
Lacerda Sales, que esteve para depor na CPI a 6 de Junho, começou por negar que tenha adiado a sua presença na comissão por ter sido constituído arguido. O antigo secretário de Estado argumentou que pediu logo no dia 1 de Junho para adiar a sua audição e só foi constituído arguido no dia 4. “Cai por terra a tese de que pedi o adiamento”, na sequência do processo no Ministério Público, insistiu.
Lacerda Sales deixou fortes críticas à auditoria da Inspecção-Geral das Actividades em Saúde (IGAS), que confirmou irregularidades no acesso das gémeas à consulta no Santa Maria. Para Lacerda Sales, o relatório “apresenta conclusões sem justificação plausível” e é “fundamentada em suposições”.
O antigo secretário de Estado recusou “aceitar as responsabilidades” que o relatório do IGAS como a auditoria interna do Santa Maria lhe imputam e disse que as “regras clínicas” foram cumpridas. “Ninguém passou à frente de ninguém, não havia lista de espera.”
“Não estou disponível para servir de bode expiatório” num processo político e mediático, atirou. “A minha conduta não é susceptível de nenhum tipo de censura.”
Lacerda Sales refugiou-se na lei, que lhe permite não responder a nenhuma questão nesta comissão. “O meu estatuto de arguido confere-me o direito de manter o silêncio.”