A União Europeia e dois dos seus Estados-membros, a Lituânia e a Estónia, assinaram acordos de segurança com o Presidente ucraniano. Volodymyr Zelensky, numa cimeira que se realizou em Bruxelas nesta quinta-feira. Foi estabelecido o compromisso de ajudar a Ucrânia em nove áreas da política de segurança e defesa, desde a entrega de armas e treino militar, à cooperação na indústria de defesa e à desminagem, adianta a Reuters, que teve acesso ao rascunho do documento.
Países como os Estados Unidos, o Reino Unido, a França e a Alemanha já tinham selado pactos semelhantes com Kiev. Não se tratando de um pacto de defesa mútua como o que une as nações da NATO, é uma promessa de fornecer à Ucrânia armas e auxílio no reforço à segurança ucraniana, de forma a dissuadir qualquer invasão futura.
“Hoje, com Volodymyr Zelensky, a UE assinou compromissos de segurança com a Ucrânia. Estes compromissos vão ajudar a Ucrânia a defender-se, a resistir a destabilizações e a dissuadir ações futuras de agressão”, escreveu Charles Michel na rede social X (antigo Twitter). Na publicação, que acompanhava uma fotografia de Michel e Zelensky com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o presidente do Conselho Europeu disse que os compromissos de segurança são “mais uma prova concreta do empenho inquebrável da UE para apoiar a Ucrânia a longo prazo”.
Zelensky declarou, junto dos líderes da UE, que a ofensiva da Rússia na primavera em Kharkiv mostrou que a pressão internacional sobre o Kremlin “não era ainda suficiente”. Vladimir Putin tentou “alargar a guerra” em maio com uma nova ofensiva no leste da Ucrânia, disse o chefe de Estado. “Graças à bravura do nosso povo e às decisões de todos vós, dos nossos parceiros, travamos esta ofensiva russa. Mas esta nova ofensiva russa provou que a pressão existente sobre a Rússia não é suficiente.”
Referindo-se às promessas da UE em matéria de apoio militar e munições, Zelensky acrescentou: “O cumprimento de todas as promessas é importante, não só em termos de proteção de vidas, mas também para destruir a ilusão russa de que conseguirão algo através da guerra.”
Em contraste, o Kremlin adiantou, nesta quinta-feira, que a Rússia está a considerar um possível rebaixamento das relações diplomáticas com o Ocidente, devido ao envolvimento cada vez mais profundo dos Estados Unidos e dos seus aliados na guerra da Ucrânia. “A questão da redução do nível das relações diplomáticas é uma prática padrão para Estados que enfrentam manifestações hostis”, justificou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, quando questionado pelos jornalistas sobre a possibilidade de essa medida ser posta em marcha.
“Devido ao crescente envolvimento do Ocidente no conflito sobre a Ucrânia, a Federação Russa não pode deixar de considerar várias opções para responder a uma intervenção tão hostil do Ocidente na crise ucraniana.” Peskov disse, contudo, que ainda não foi tomada qualquer decisão sobre o assunto e que a Rússia está a considerar diferentes formas de responder ao Ocidente.
Um cidadão russo foi acusado de conspiração, pirataria e destruição de sistemas e dados de computadores na Ucrânia e em países aliados, incluindo os EUA, informou o Departamento de Justiça norte-americano na quarta-feira. Os EUA anunciaram uma recompensa de 10 milhões de dólares por informações sobre o suspeito, que continua foragido,. Antes da invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022, Amin Timovich Stigal, de 22 anos, tinha como alvo os sistemas e dados do Governo de Kiev sem qualquer função militar, alega o Departamento de Justiça dos Estados Unidos. Os sistemas informáticos nos EUA e de outros países que prestavam apoio à Ucrânia tornaram-se alvos mais tarde.
Outras notícias a destacar:
⇒ O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse estar convencido de que o governo que sairá das eleições legislativas em França manterá o apoio à Ucrânia face à Rússia. As eleições, que deverão ter primeira e segunda volta, a 30 de junho e 7 de julho em França, poderão levar ao poder o partido de extrema-direita Reagrupamento Nacional (Rassemblement National), que tem sido criticado pela proximidade ao regime do Presidente russo. Zelensky considerou que, “por vontade do povo francês”, o novo governo continuará “a apoiar totalmente a Ucrânia”, tanto no campo de batalha como na adesão à União Europeia. Marine Le Pen questionou, no entanto, o papel do Presidente Emmanuel Macron como comandante-chefe das Forças Armadas e defendeu que algumas decisões sobre defesa cabem ao primeiro-ministro. Para Le Pen, “o Presidente não poderá enviar tropas para a Ucrânia”, apesar de Macron se ter recusado a excluir essa opção.
⇒ A Rússia condenou a tentativa de golpe de Estado na Bolívia na quarta-feira, advertindo contra qualquer tentativa de ingerência estrangeira no país sul-americano. “Alertamos para as tentativas de ingerência estrangeira destrutiva nos assuntos internos da Bolívia”, disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, em comunicado. “Condenamos firmemente a tentativa de golpe militar”, afirmou a diplomacia russa.